Juiz rejeita acordo da Boeing sobre acidentes com 737 Max em decisão impactante
Decisão judicial desafia acordo que previa culpabilidade da Boeing e monitoramento corporativo independente
Um juiz federal dos EUA, Reed O’Connor, rejeitou o acordo judicial proposto pela Boeing, que envolvia a aceitação de culpabilidade da empresa em relação a dois acidentes fatais com aeronaves 737 Max. Essa decisão representa um revés significativo para a fabricante, que busca avançar após as tragédias que resultaram em acusações criminais.
O magistrado atendeu ao pedido de familiares das vítimas, que argumentaram que o acordo, que previa a instalação de um monitor corporativo independente, apresentava disposições inadequadas. O’Connor destacou que a escolha do monitor deveria respeitar os interesses públicos, sem considerar a raça da pessoa indicada, e solicitou que as partes envolvidas se reúnam para discutir os próximos passos.
“Essas disposições são inadequadas e contrárias ao interesse público”, afirmou O’Connor em sua decisão proferida nesta quinta-feira (5). O juiz também questionou a estrutura do monitoramento, que deveria reportar ao governo em vez de ao tribunal.
No início deste ano, a Boeing havia concordado com o Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) em se declarar culpada por conspiração criminosa, além de pagar uma multa e implementar um monitor independente. A empresa também se comprometeu a investir pelo menos US$ 455 milhões em melhorias nos seus programas de conformidade e segurança.
O’Connor já havia levantado preocupações anteriormente sobre a inclusão de critérios de diversidade e inclusão na seleção do monitor, prática defendida pelo governo como uma tradição na agência. A rejeição do acordo ocorre após uma solicitação do juiz para que as partes esclarecessem a linguagem do acordo que abordava esses critérios.
Paul Cassell, advogado que representa os familiares das vítimas, considerou a decisão uma vitória significativa na busca por responsabilização da Boeing. “O juiz O’Connor reconheceu que este foi um acordo conivente entre o governo e a Boeing, que não abordou adequadamente a necessidade de responsabilização por seus crimes e de prevenir futuras tragédias”, declarou Cassell. Ele acredita que essa decisão deve impulsionar uma renegociação do acordo para refletir as consequências das mortes causadas pela companhia.
Até o momento, um representante da Boeing não comentou oficialmente sobre a decisão judicial. As ações da empresa caíram menos de 1% às 12h33 em Nova York, acumulando uma perda de cerca de 39% ao longo do ano, o que representa a maior queda no Dow Jones Industrial Average.
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