Decisão judicial desafia acordo que previa culpabilidade da Boeing e monitoramento corporativo independente
05 de Dezembro de 2024 às 16h14

Juiz rejeita acordo da Boeing sobre acidentes com 737 Max em decisão impactante

Decisão judicial desafia acordo que previa culpabilidade da Boeing e monitoramento corporativo independente

Um juiz federal dos EUA, Reed O’Connor, rejeitou o acordo judicial proposto pela Boeing, que envolvia a aceitação de culpabilidade da empresa em relação a dois acidentes fatais com aeronaves 737 Max. Essa decisão representa um revés significativo para a fabricante, que busca avançar após as tragédias que resultaram em acusações criminais.

O magistrado atendeu ao pedido de familiares das vítimas, que argumentaram que o acordo, que previa a instalação de um monitor corporativo independente, apresentava disposições inadequadas. O’Connor destacou que a escolha do monitor deveria respeitar os interesses públicos, sem considerar a raça da pessoa indicada, e solicitou que as partes envolvidas se reúnam para discutir os próximos passos.

“Essas disposições são inadequadas e contrárias ao interesse público”, afirmou O’Connor em sua decisão proferida nesta quinta-feira (5). O juiz também questionou a estrutura do monitoramento, que deveria reportar ao governo em vez de ao tribunal.

No início deste ano, a Boeing havia concordado com o Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) em se declarar culpada por conspiração criminosa, além de pagar uma multa e implementar um monitor independente. A empresa também se comprometeu a investir pelo menos US$ 455 milhões em melhorias nos seus programas de conformidade e segurança.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

O’Connor já havia levantado preocupações anteriormente sobre a inclusão de critérios de diversidade e inclusão na seleção do monitor, prática defendida pelo governo como uma tradição na agência. A rejeição do acordo ocorre após uma solicitação do juiz para que as partes esclarecessem a linguagem do acordo que abordava esses critérios.

Paul Cassell, advogado que representa os familiares das vítimas, considerou a decisão uma vitória significativa na busca por responsabilização da Boeing. “O juiz O’Connor reconheceu que este foi um acordo conivente entre o governo e a Boeing, que não abordou adequadamente a necessidade de responsabilização por seus crimes e de prevenir futuras tragédias”, declarou Cassell. Ele acredita que essa decisão deve impulsionar uma renegociação do acordo para refletir as consequências das mortes causadas pela companhia.

Até o momento, um representante da Boeing não comentou oficialmente sobre a decisão judicial. As ações da empresa caíram menos de 1% às 12h33 em Nova York, acumulando uma perda de cerca de 39% ao longo do ano, o que representa a maior queda no Dow Jones Industrial Average.

© 2024 Bloomberg L.P.

Veja também:

Tópicos: