A rede de supermercados justifica as demissões como parte de um movimento natural do setor, enquanto abre novas vagas.
12 de Dezembro de 2024 às 13h10

Carrefour anuncia demissão de 2.200 funcionários em período crítico de vendas

A rede de supermercados justifica as demissões como parte de um movimento natural do setor, enquanto abre novas vagas.

O Carrefour, um dos maiores grupos de varejo do Brasil, confirmou a demissão de 2.200 funcionários, um movimento que ocorre às vésperas das festividades de Natal. Os desligamentos, que começaram no mês passado, representam aproximadamente 1,5% do total de 130 mil colaboradores da empresa, incluindo tanto trabalhadores diretos quanto indiretos.

Em nota, a companhia afirmou que “os ajustes de quadro realizados neste período fazem parte de um movimento natural no setor varejista e não impactam a operação de final de ano ou o atendimento e serviços aos clientes.” Apesar do número significativo de demissões, o Carrefour destaca que está em processo de contratação de 6.000 novos colaboradores, com vagas disponíveis em 20 estados e no Distrito Federal, para diversas funções, como operador de caixa, repositor, padeiro e técnico de manutenção.

O timing das demissões gerou preocupação, uma vez que o final do ano é tradicionalmente um período de aumento na demanda por produtos e serviços no varejo. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), há uma expectativa de crescimento de 12% no consumo durante as festas em comparação ao ano anterior. Essa realidade contrasta com as demissões, que ocorrem em um momento em que muitos varejistas costumam aumentar suas equipes temporárias para atender à demanda sazonal.

O consultor Eugênio Foganholo, da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, aponta que os desligamentos podem estar relacionados ao fechamento de lojas, que, segundo dados recentes, resultaram em 174 pontos de venda fechados entre janeiro e setembro deste ano, enquanto apenas 27 novas lojas foram abertas. “É um ramo do varejo que exige uma gestão mais complexa e cuidadosa, especialmente em supermercados, onde a rotatividade de clientes é alta”, explica Foganholo.

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Além disso, o Carrefour enfrenta desafios em sua principal operação, o Atacadão, que representa 70% das vendas do grupo. A participação do Atacadão no mercado paulista caiu de 28,5% para 28% em 2023, mesmo com a abertura de novas lojas. A concorrência também está se intensificando, com o Max Atacadista ganhando espaço no mercado, aumentando sua participação de 3% para 5% no mesmo período.

Os especialistas observam que, embora a rotatividade seja comum no setor, as demissões em um período tão crítico levantam questões sobre a estratégia da empresa. Alberto Serrentino, da Varese Retail, destaca que demissões em nível gerencial podem ser vistas como ajustes estruturais, mas cortes em pessoal de loja são incomuns em épocas de alta demanda, como as festas de fim de ano.

Recentemente, o Carrefour também esteve no centro de uma crise diplomática entre Brasil e França, após o presidente global do grupo, Alexandre Bompard, anunciar que a empresa não compraria mais carne do Mercosul, em apoio aos agricultores franceses. Após um boicote por parte dos frigoríficos brasileiros, Bompard enviou uma carta de desculpas ao ministro da Agricultura do Brasil, Carlos Fávaro, buscando restaurar as relações comerciais.

Com o cenário atual, o Carrefour se vê em uma encruzilhada, precisando equilibrar a necessidade de ajustes internos com a demanda crescente do mercado, especialmente em um período tão importante como o Natal.

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