Após críticas e falta de licenciamento, gestão municipal cancela contrato com a PepsiCo que previa mudanças no espaço público.
13 de Dezembro de 2024 às 15h41

Prefeitura de São Paulo desiste de parceria que renomearia Largo da Batata para 'Largo da Batata Ruffles'

Após críticas e falta de licenciamento, gestão municipal cancela contrato com a PepsiCo que previa mudanças no espaço público.

A Prefeitura de São Paulo anunciou, nesta sexta-feira (13), a revogação do contrato que previa a mudança temporária do nome do tradicional Largo da Batata para "Largo da Batata Ruffles". A decisão foi tomada após uma onda de críticas sobre a falta de licenciamento e consulta pública para a parceria com a PepsiCo do Brasil, que fabricaria melhorias no espaço em troca da exploração da marca.

O acordo, que foi assinado sem a realização de licitação, permitia que a PepsiCo utilizasse o espaço por um período de 24 meses, durante o qual a empresa se comprometeria a investir R$ 1,1 milhão em melhorias, como a instalação de wi-fi gratuito, novos bancos e equipamentos de lazer com a identidade visual da marca. Contudo, o contrato não previa repasse de recursos à gestão municipal, o que gerou questionamentos sobre a legalidade do acordo.

A polêmica começou a ganhar destaque nas redes sociais, onde urbanistas e vereadores da oposição criticaram a iniciativa, considerando-a uma "venda" de um espaço público. O vereador eleito Nabil Bonduki (PT), que também é urbanista, foi um dos primeiros a se manifestar, afirmando que a cessão se baseava em um decreto de 2018 que não se aplicava ao uso de espaços públicos. Ele destacou a necessidade de investigar a Subprefeitura de Pinheiros e garantir que o patrimônio público não seja tratado como moeda de troca para interesses privados.

Após a repercussão negativa, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) decidiu tornar sem efeito o termo de doação, visando reanalisar a documentação e permitir que a Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU) se manifestasse sobre a proposta. Em nota, a Prefeitura esclareceu que a suspensão do contrato se deu para garantir a devida análise e transparência no processo.

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O projeto, que previa a instalação de um "letreiro instagramável" e mobiliário urbano temático, foi alvo de críticas não apenas pela falta de licenciamento, mas também pela forma como a parceria foi conduzida. A gestão municipal, que inicialmente havia informado que o projeto estava em análise pela CPPU, agora se vê obrigada a rever os termos do acordo devido à pressão popular e à necessidade de respeitar a legislação vigente.

Além das críticas políticas, a proposta de renomear o Largo da Batata gerou reações diversas nas redes sociais, com muitos usuários expressando incredulidade e descontentamento. A ideia de transformar um espaço icônico da cidade em um ponto de promoção de uma marca foi considerada por muitos como uma "bizarrice" e uma "piada de mau gosto".

A PepsiCo, que havia se preparado para o lançamento do "Largo da Batata Ruffles" com eventos programados para o dia 15 de dezembro, ainda não se manifestou oficialmente sobre a decisão da prefeitura. A expectativa agora é que a gestão municipal reavalie suas estratégias de parcerias com o setor privado, buscando garantir que o interesse público seja sempre priorizado.

O caso do Largo da Batata Ruffles não é isolado, e levanta questões sobre a relação entre o poder público e a iniciativa privada, especialmente em um contexto onde a transparência e a legalidade são fundamentais para a confiança da população nas instituições.

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