Prefeitura de São Paulo desiste de parceria que renomearia Largo da Batata para 'Largo da Batata Ruffles'
Após críticas e falta de licenciamento, gestão municipal cancela contrato com a PepsiCo que previa mudanças no espaço público.
A Prefeitura de São Paulo anunciou, nesta sexta-feira (13), a revogação do contrato que previa a mudança temporária do nome do tradicional Largo da Batata para "Largo da Batata Ruffles". A decisão foi tomada após uma onda de críticas sobre a falta de licenciamento e consulta pública para a parceria com a PepsiCo do Brasil, que fabricaria melhorias no espaço em troca da exploração da marca.
O acordo, que foi assinado sem a realização de licitação, permitia que a PepsiCo utilizasse o espaço por um período de 24 meses, durante o qual a empresa se comprometeria a investir R$ 1,1 milhão em melhorias, como a instalação de wi-fi gratuito, novos bancos e equipamentos de lazer com a identidade visual da marca. Contudo, o contrato não previa repasse de recursos à gestão municipal, o que gerou questionamentos sobre a legalidade do acordo.
A polêmica começou a ganhar destaque nas redes sociais, onde urbanistas e vereadores da oposição criticaram a iniciativa, considerando-a uma "venda" de um espaço público. O vereador eleito Nabil Bonduki (PT), que também é urbanista, foi um dos primeiros a se manifestar, afirmando que a cessão se baseava em um decreto de 2018 que não se aplicava ao uso de espaços públicos. Ele destacou a necessidade de investigar a Subprefeitura de Pinheiros e garantir que o patrimônio público não seja tratado como moeda de troca para interesses privados.
Após a repercussão negativa, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) decidiu tornar sem efeito o termo de doação, visando reanalisar a documentação e permitir que a Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU) se manifestasse sobre a proposta. Em nota, a Prefeitura esclareceu que a suspensão do contrato se deu para garantir a devida análise e transparência no processo.
O projeto, que previa a instalação de um "letreiro instagramável" e mobiliário urbano temático, foi alvo de críticas não apenas pela falta de licenciamento, mas também pela forma como a parceria foi conduzida. A gestão municipal, que inicialmente havia informado que o projeto estava em análise pela CPPU, agora se vê obrigada a rever os termos do acordo devido à pressão popular e à necessidade de respeitar a legislação vigente.
Além das críticas políticas, a proposta de renomear o Largo da Batata gerou reações diversas nas redes sociais, com muitos usuários expressando incredulidade e descontentamento. A ideia de transformar um espaço icônico da cidade em um ponto de promoção de uma marca foi considerada por muitos como uma "bizarrice" e uma "piada de mau gosto".
A PepsiCo, que havia se preparado para o lançamento do "Largo da Batata Ruffles" com eventos programados para o dia 15 de dezembro, ainda não se manifestou oficialmente sobre a decisão da prefeitura. A expectativa agora é que a gestão municipal reavalie suas estratégias de parcerias com o setor privado, buscando garantir que o interesse público seja sempre priorizado.
O caso do Largo da Batata Ruffles não é isolado, e levanta questões sobre a relação entre o poder público e a iniciativa privada, especialmente em um contexto onde a transparência e a legalidade são fundamentais para a confiança da população nas instituições.
Veja também: