Polícia Federal apreende R$ 1,5 milhão em jatinho que ia de Salvador a Brasília
Dinheiro estava em um jatinho e é investigado como pagamento de propina em esquema de corrupção
Na última terça-feira, a Polícia Federal (PF) apreendeu R$ 1,5 milhão em espécie em um jatinho que partiu de Salvador com destino a Brasília. A operação, que ocorreu no dia 3 de dezembro, faz parte de um inquérito que investiga um esquema de desvio de recursos públicos, especialmente em relação a emendas parlamentares destinadas ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS).
A apreensão foi resultado de uma ação controlada da PF, que monitorava o empresário Alex Rezende Parente e o ex-coordenador do DNOCs na Bahia, Lucas Lobão. Os agentes seguiram a dupla desde o hangar em Salvador até o desembarque em Brasília, onde o dinheiro foi encontrado. Os investigadores acreditam que os valores apreendidos seriam utilizados para pagamento de propina.
Além do montante em dinheiro, os agentes também encontraram uma planilha que listava contratos e valores totalizando mais de R$ 200 milhões, com menções a contratos suspeitos no Rio de Janeiro e Amapá. Essa documentação levanta sérias suspeitas sobre a origem dos recursos e a finalidade da viagem realizada pelo jatinho Learjet 60XR, que estava registrado em nome da empresa de táxi aéreo Atlântico Transportes LTDA, de Salvador.
O voo foi organizado por José Marcos Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”, que é famoso por vencer diversos contratos de limpeza urbana na Bahia. Moura foi preso durante a operação Overclean, que visa desarticular uma organização criminosa envolvida em fraudes licitatórias, desvios de recursos públicos e lavagem de dinheiro.
As investigações apontam que o grupo criminoso, formado por políticos e empresários, teria movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão em desvios de verbas públicas. A operação Overclean, deflagrada pela Controladoria-Geral da União (CGU), PF, Ministério Público Federal (MPF) e Receita Federal do Brasil (RFB), busca desmantelar essa rede de corrupção que impactou diretamente o DNOCS e outros órgãos públicos.
De acordo com a PF, a ação tem como objetivo desarticular essa organização criminosa e responsabilizar os envolvidos. O relatório da polícia destaca que o grupo movimentou quantias significativas em contratos de engenharia, incluindo emendas parlamentares, e que a investigação está em andamento para identificar todos os responsáveis.
Os depoimentos colhidos durante a operação revelaram contradições sobre a origem dos valores transportados. Enquanto Lobão alegou desconhecer a origem do dinheiro, outros empresários envolvidos afirmaram que os recursos eram provenientes da venda de equipamentos.
A operação Overclean, que já resultou em várias prisões e apreensões, continua a investigar o desvio de recursos públicos e a corrupção em contratos governamentais. A PF está comprometida em levar à justiça todos os envolvidos nesse esquema que prejudica a administração pública e a sociedade.
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