Troca de gêmeos em hospital de Alagoas gera investigação e busca por justiça
Após dois anos, mães descobrem que seus filhos foram trocados na maternidade, levando a um inquérito policial e ações judiciais.
Um caso chocante de troca de gêmeos em um hospital de Alagoas está sendo investigado pela Polícia Civil. Dúvidas surgiram após um vídeo compartilhado nas redes sociais mostrar uma criança que era idêntica a um dos filhos de Dêbora, levando as mães a investigar a situação. O episódio ocorreu no Hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho, em Arapiraca, onde as crianças nasceram em fevereiro de 2022.
Dêbora e Suelson, agricultores de São Sebastião, estavam ansiosos pela chegada de seus gêmeos, Guilherme e Gabriel. No entanto, durante a gestação, Dêbora desenvolveu pressão alta e foi transferida para um hospital maior. Os gêmeos nasceram prematuros e, devido à pandemia de COVID-19, não puderam receber visitas na UTI neonatal.
Após três semanas de internação, os bebês foram liberados, e Dêbora acreditava que tinha dado à luz gêmeos bivitelinos, já que o médico não confirmou se eram idênticos. Quando as crianças completaram dois anos, uma amiga de Dêbora compartilhou um vídeo de Bernardo, filho de Maria Aparecida, que também havia nascido no mesmo hospital, mas três dias depois.
“Fiquei tão atordoada. Postei um vídeo dele na creche e chorei, dizendo que ele era idêntico ao Gabriel”, relembra Dêbora.
As mães se encontraram com a ajuda de uma conselheira tutelar e decidiram realizar exames de DNA, que confirmaram a troca. O DNA de Bernardo era compatível com o de Dêbora e seu marido, enquanto o de Guilherme correspondia ao de Maria Aparecida.
“Esses meses têm sido como se meu mundo tivesse caído”, diz Dêbora, expressando a dor e a confusão que a situação trouxe para sua família. A administração do hospital informou que está colaborando com as investigações e que um inquérito policial foi instaurado para apurar os fatos.
O advogado de Dêbora afirmou que os exames realizados durante o pré-natal já indicavam que os gêmeos eram idênticos, mas essa informação não foi repassada durante as consultas. Uma ação judicial foi movida contra o obstetra responsável pelo parto, que não quis comentar o caso.
Enquanto isso, a família de Dêbora busca na justiça a guarda de Bernardo, que é considerado seu filho biológico, e deseja manter a guarda de Guilherme, que enfrenta problemas de saúde. Por outro lado, Maria Aparecida, representada pela Defensoria Pública, deseja permanecer com Bernardo e manter uma relação próxima com Guilherme.
A Defensoria Pública argumenta que as mães devem ficar com as crianças que levaram para casa, mas que é importante manter um vínculo com os filhos biológicos. Até que a justiça se pronuncie, as crianças estão se encontrando com suas famílias biológicas a cada 15 dias.
O caso levanta questões éticas e legais complexas sobre a guarda e a parentalidade, e a sociedade aguarda ansiosamente por uma resolução que traga justiça para todas as partes envolvidas.
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