PM é indiciado por tentativa de homicídio após arremessar homem de ponte em SP
Corregedoria da Polícia Militar também indiciou outros seis agentes envolvidos no caso, que agora segue para o Ministério Público.
A Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo concluiu o inquérito que investiga o soldado Luan Felipe Alves Pereira, indiciando-o por tentativa de homicídio. O caso envolve o arremesso de um homem de uma ponte na Zona Sul da capital paulista, ocorrido no início de dezembro. Além do soldado, outros seis policiais foram indiciados, sendo um por lesão corporal, um por peculato culposo e quatro por prevaricação.
O inquérito agora segue para a Justiça Militar, que deverá abrir vista para o Ministério Público. O MP poderá oferecer denúncia, solicitar novas diligências ou pedir o arquivamento do caso. A situação gerou grande repercussão e levantou questões sobre a conduta da Polícia Militar em operações de abordagem.
Durante o depoimento, a vítima, identificada como Marcelo Amaral, de 25 anos, relatou que trafegava na Avenida Cupecê quando foi abordado pelos policiais. Segundo ele, não estava em alta velocidade e, ao perceber a aproximação dos PMs, desceu da moto e começou a correr. Nesse momento, foi agredido com golpes de cassetete na cabeça e nas costas, e o policial Luan teria lhe dado duas opções: “ou você pula da ponte ou eu jogo você e sua moto daqui”.
Marcelo afirmou que foi levado pelo colarinho até a beira da ponte, onde foi arremessado. Ele caiu no córrego e, após a queda, conseguiu se levantar e encontrou ajuda de um motorista desconhecido, que lhe deu carona até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) próxima.
Em seu depoimento, Marcelo destacou que não compreende o motivo da agressão, uma vez que não estava em fuga nem havia agredido verbalmente os policiais. Ele também mencionou que os PMs não solicitaram seus documentos nem perguntaram seu nome, apenas correram atrás dele.
Após o incidente, a Justiça Militar decretou a prisão preventiva de Luan Felipe Alves Pereira, que se encontra detido no Presídio Militar Romão Gomes. Em audiência de custódia, a defesa do soldado solicitou a revogação da prisão, mas o pedido foi negado. O inquérito aponta possíveis crimes de lesão corporal e violência arbitrária, conforme previsto no Código Penal Militar.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, comentou a situação, afirmando que “alguma coisa não está funcionando” e defendeu a implementação de câmeras corporais nos uniformes dos policiais. Ele ressaltou que essa medida é essencial para proteger tanto os cidadãos quanto os agentes de segurança.
O caso, que ocorreu durante a dispersão de um baile funk na Vila Clara, gerou indignação e levou a Corregedoria da PM a afastar 13 policiais envolvidos na operação. O Ministério Público também abriu uma investigação para apurar os fatos e responsabilizar os envolvidos.
As imagens do momento em que o PM arremessa o homem da ponte foram amplamente divulgadas e causaram revolta na população. O pai da vítima expressou sua indignação, afirmando que a polícia deveria proteger a população e não agir de forma violenta e arbitrária.
Além disso, o soldado Luan já havia sido indiciado anteriormente por homicídio, após matar um homem com 12 tiros em Diadema, caso que foi arquivado por entender que houve legítima defesa. A atuação do soldado na Rondas Ostensivas com Apoio de Motos (Rocam) levanta questões sobre a necessidade de revisão dos procedimentos operacionais da Polícia Militar.
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