Banco Central projeta 100% de chance de inflação acima da meta em 2024
Meta de inflação para 2024 é de 3%, mas expectativa é de que índice chegue a 4,5%.
O Banco Central (BC) divulgou nesta quinta-feira (19) que a probabilidade de a inflação ultrapassar a meta estabelecida para 2024 é de 100%. A meta para este ano é de 3%, com um intervalo de tolerância que varia entre 1,5% e 4,5%. Isso significa que, caso a inflação atinja 4,5%, o BC terá que justificar publicamente o descumprimento.
O relatório trimestral de inflação, que apresentou essa nova estimativa, aponta que a inflação acumulada em 12 meses até novembro foi de 4,87%, já ultrapassando o teto da meta. O aumento da inflação é atribuído a uma combinação de fatores, incluindo a depreciação da moeda, um crescimento econômico robusto e condições climáticas que impactam a produção agrícola.
O BC destacou que a expectativa de inflação para 2024 é influenciada por um cenário de inércia inflacionária, onde os índices do ano anterior ainda afetam as projeções futuras. “A inflação ao longo de 2024 decorre da combinação de diferentes fatores, principalmente a depreciação cambial, o ritmo forte de crescimento da atividade econômica e fatores climáticos ou relacionados ao ciclo do boi”, afirmou a autoridade monetária.
Além disso, o BC revisou suas projeções para os anos seguintes. Para 2025, a expectativa de que a inflação supere o teto da meta aumentou de 28% para 50%, enquanto para 2026, a probabilidade subiu de 19% para 26%. O relatório também menciona que a chance de a inflação ficar abaixo do piso da meta, que é de 1,5%, permanece em zero.
A partir de 2025, a meta de inflação passará a ser contínua, com um centro de 3% e a mesma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Caso o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique acima ou abaixo desse limite por seis meses consecutivos, considera-se que a meta foi descumprida.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, que deixará o cargo no final do ano, enfrentou críticas durante sua gestão, especialmente em relação ao controle da inflação. A nova meta contínua, que será implementada em 2025, visa proporcionar maior flexibilidade na política monetária e evitar a necessidade de justificativas frequentes ao mercado.
O cenário inflacionário atual é um reflexo de um ciclo de inflação elevada que começou após os estímulos fiscais e monetários adotados durante a pandemia de covid-19. O BC tem adotado medidas para tentar conter a inflação, incluindo ajustes na taxa básica de juros, a Selic, que atualmente se encontra em patamares elevados.
Os desafios para a política monetária brasileira são significativos, e a expectativa é de que a inflação continue a ser um tema central nas discussões econômicas nos próximos anos. A capacidade do BC de manter a inflação sob controle será crucial para a estabilidade econômica do país.
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