A mobilização, que envolve milhares de trabalhadores, busca melhores condições e reconhecimento do sindicato Teamsters.
19 de Dezembro de 2024 às 13h22

Funcionários da Amazon iniciam greve em seis estados dos EUA antes do Natal

A mobilização, que envolve milhares de trabalhadores, busca melhores condições e reconhecimento do sindicato Teamsters.

Na manhã de quinta-feira, 19, milhares de trabalhadores da Amazon.com entraram em greve em uma ação que se espalhou por seis instalações em quatro estados dos Estados Unidos, em um momento crítico que antecede o Natal. A mobilização é organizada pelo sindicato International Brotherhood of Teamsters e é considerada a maior paralisação já realizada contra a gigante do varejo.

A greve foi desencadeada por uma série de questões trabalhistas, incluindo a recusa da Amazon em reconhecer o sindicato e em negociar um novo contrato que atenda às demandas dos trabalhadores. Os Teamsters, que afirmam representar cerca de 10 mil funcionários da empresa, destacam que a mobilização busca melhores salários e benefícios, especialmente em um período em que a empresa reportou lucros recordes.

“Se seu pacote atrasar durante as festas, você pode culpar a ganância insaciável da Amazon. Demos à empresa um prazo claro para se sentar à mesa e fazer o que é certo para nossos membros, mas eles ignoraram”, afirmou Sean O’Brien, presidente do Teamsters, em uma declaração divulgada nas redes sociais.

A paralisação começou em um armazém localizado no Queens, Nova York, e logo se espalhou para outras localidades, incluindo Skokie, Illinois, Atlanta, São Francisco, Victorville e a Cidade da Indústria, na Califórnia. Os trabalhadores, incluindo motoristas terceirizados, estão exigindo reconhecimento e melhores condições de trabalho, alegando que os salários atuais não são suficientes para sobreviver na economia atual.

Luke Cianciotto, um dos motoristas que participou da greve, declarou: “Estamos lutando por direitos básicos que deveriam ser padrão na indústria. Os salários que recebemos simplesmente não são suficientes para viver dignamente.”

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A Amazon, por sua vez, minimizou a importância da greve, afirmando que suas operações não serão afetadas e classificando a mobilização como uma jogada de relações públicas. Kelly Nantel, porta-voz da empresa, afirmou que “toda essa narrativa é uma jogada de RP e a conduta dos Teamsters é ilegal”.

O sindicato também alega que, de acordo com uma regra do Conselho Nacional de Relações Trabalhistas (NLRB), a Amazon e suas contratadas podem ser consideradas empregadoras conjuntas, uma afirmação que a empresa contesta. A Amazon tem sido criticada por utilizar serviços de terceiros para evitar responsabilidades trabalhistas, o que, segundo os trabalhadores, é uma estratégia para se esquivar de negociações diretas.

Além disso, a Amazon registrou um lucro líquido de US$ 39,2 bilhões nos primeiros nove meses de 2024, mais que o dobro do mesmo período do ano anterior, consolidando-se como a segunda maior empresa privada do mundo em termos de receita, atrás apenas do Walmart. Essa situação tem gerado ainda mais insatisfação entre os trabalhadores, que sentem que seus esforços não são devidamente reconhecidos.

Enquanto isso, a disputa entre a Amazon e os trabalhadores continua a se intensificar, com o sindicato exigindo que a empresa reconheça os funcionários que assinaram cartas solicitando a filiação ao Teamsters. Embora o reconhecimento voluntário de um sindicato seja permitido pela lei trabalhista, a Amazon parece relutante em aceitar essa possibilidade, o que torna a situação ainda mais tensa.

O sindicato já havia obtido sucesso em uma votação de representação sindical na unidade da Amazon em Staten Island em abril de 2022, mas a empresa continua a contestar os resultados dessa eleição em tribunais. Outras tentativas de organização sindical em diferentes instalações da Amazon não tiveram sucesso, o que levanta questões sobre o futuro das negociações trabalhistas na empresa.

Com a aproximação das festas de fim de ano, a expectativa é que a greve possa impactar as operações da Amazon, especialmente em um período em que a demanda por entregas é alta. Os trabalhadores esperam que a mobilização leve a uma mudança significativa nas condições de trabalho e que a empresa comece a levar a sério as reivindicações do sindicato.

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