Amazon encerra home office, mas falta de espaço atrasa retorno ao trabalho presencial
Funcionários aguardam adequações nos escritórios, que devem estar prontos até maio de 2025
A Amazon anunciou o fim do home office, mas enfrenta dificuldades para acomodar todos os seus funcionários em seus escritórios. A previsão inicial para o retorno ao trabalho presencial, marcada para 2 de janeiro de 2025, foi adiada para maio do mesmo ano, conforme informações do Business Insider. Um porta-voz da empresa afirmou que a maioria dos espaços estará pronta até a nova data, ressaltando que os atrasos se devem a reconfigurações necessárias em edifícios projetados para acomodar trabalhadores em regime híbrido, e não à falta de espaço.
As cidades afetadas por essa situação incluem Nova York, Atlanta, Houston, Austin, Dallas e Phoenix. Os colaboradores dessas localidades foram orientados a manter suas condições atuais de trabalho até que os novos espaços estejam disponíveis.
Funcionários expressaram preocupações sobre a decisão de retornar ao escritório, argumentando que o trabalho remoto oferece maior flexibilidade e não impacta negativamente a produtividade. Além disso, há suspeitas de que essa mudança seja parte de uma estratégia para reduzir o número de empregados, o que a Amazon nega veementemente.
Com um quadro de mais de 350 mil colaboradores em todo o mundo, a empresa não especificou quantos funcionários ficarão sem espaço nos escritórios. Em setembro, o CEO Andy Jassy justificou a necessidade do retorno ao ambiente físico como uma forma de fortalecer a cultura organizacional.
Essa nova decisão marca mais um capítulo de uma história que começou em 2023, quando a Amazon implementou a obrigatoriedade de presença em pelo menos três dias da semana, uma medida que nunca foi bem recebida pelos funcionários, que manifestaram seu descontentamento, chegando a realizar uma greve.
Não é a primeira vez que a falta de capacidade nos escritórios atrasa os planos da Amazon. No ano anterior, quando a empresa anunciou o trabalho híbrido, muitos prédios também não tinham estrutura suficiente para acomodar todos os colaboradores.
A escassez de espaço tem sido uma das principais queixas entre os funcionários. Em entrevistas recentes, eles relataram à Bloomberg a falta de mesas e salas de conferência adequadas para reuniões e ligações confidenciais, além de enfrentarem cantinas superlotadas. Em resposta, a Amazon implementou um recurso em sua ferramenta de reserva de salas que verifica se o funcionário realmente necessita do espaço reservado.
O cenário atual é desafiador para o mercado imobiliário, especialmente no Vale do Silício e em grandes cidades. Apesar de a demanda por escritórios ter aumentado durante a pandemia, há uma carência de espaços adequados para grandes empresas. Como alternativa, gigantes como a Amazon estão considerando alugar escritórios da WeWork em Nova York e no Vale, conforme confirmado por um porta-voz da empresa.
Com planos de construir escritórios de alto padrão em Bellevue, Nashville e no campus da sua segunda sede em Arlington, Virgínia, a Amazon foi forçada a desacelerar seus investimentos e congelar contratações após a pandemia.
Além disso, trabalhadores que prestam serviços para a Amazon iniciaram uma greve na manhã desta quinta-feira, 19, em várias localidades dos Estados Unidos. A paralisação, que envolve sete instalações, incluindo Skokie, Illinois, Nova York, Atlanta, São Francisco e Califórnia, foi organizada pela Amazon Teamsters, divisão que representa os funcionários prestadores de serviço da empresa.
Profissionais de outros complexos da Amazon também estão se mobilizando para participar da greve, que, segundo a organização, está restrita aos EUA e não deve impactar as entregas no Brasil.
O sindicato considera essa a “maior greve” contra a empresa, que possui um valor de mercado superior a um trilhão de dólares, em resposta à “recusa repetida da Amazon em negociar e seguir a lei”.
“Se seu pacote atrasar durante os feriados, culpe a ganância insaciável da Amazon”, afirmou o presidente geral do Teamsters, Sean M. O’Brien, em comunicado oficial. “Demos à Amazon um prazo claro para vir à mesa e fazer o certo por nossos membros. Eles ignoraram”, completou.
O Teamsters representa cerca de 10 mil trabalhadores (aproximadamente 1% da força de trabalho da gigante), embora a Amazon não reconheça a filiação dos funcionários ao sindicato.
A porta-voz da empresa, Kelly Nantel, declarou que o Teamsters está “incondicionalmente enganando as pessoas”, pois não representa seus funcionários nem motoristas. “Toda essa narrativa é uma jogada de relações públicas e a conduta dos Teamsters no ano passado e nesta semana é ilegal”, finalizou.
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