Pesquisadores afirmam que satélite natural da Terra teria se formado 55 milhões de anos após o início do Sistema Solar.
19 de Dezembro de 2024 às 20h52

Estudo revela que Lua pode ser mais antiga do que se acreditava anteriormente

Pesquisadores afirmam que satélite natural da Terra teria se formado 55 milhões de anos após o início do Sistema Solar.

A Lua, satélite natural da Terra, pode ser mais antiga do que se pensava, de acordo com um estudo recente conduzido por astrônomos que utilizam a mecânica celeste para investigar as circunstâncias de sua formação. A pesquisa sugere que a Lua teria se formado cerca de 55 milhões de anos após o início do Sistema Solar, e não 200 milhões de anos, como se acreditava anteriormente.

O estudo, coautorado por Alessandro Morbidelli, professor do Collège de France, Thorsten Kleine, do Instituto Max Planck, e Francis Nimmo, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, foi publicado na revista Nature. Os pesquisadores analisaram rochas lunares que cristalizaram quando o oceano de magma original esfriou, datadas em aproximadamente 4,35 bilhões de anos.

“A Lua parece ter se formado muito tarde, 200 milhões de anos após o início do Sistema Solar”, afirma Morbidelli. Essa conclusão, no entanto, apresenta dois problemas principais: não se encaixa bem nos modelos de formação planetária e contradiz a presença de cristais de zircão, que são os mais resistentes e datados em mais de 4,5 bilhões de anos.

Uma discussão entre os autores do estudo levou à hipótese de que a Lua teria passado por uma segunda fusão provocada pela Terra. Nesse cenário, a formação da Lua teria ocorrido cerca de 55 milhões de anos após o início do Sistema Solar, permitindo que ela adquirisse sua primeira crosta ao longo de alguns milhões de anos.

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Durante o processo de afastamento da Terra, a Lua passou de uma órbita alinhada com o equador terrestre para uma órbita alinhada com a trajetória da Terra ao redor do Sol. Essa transição orbital foi marcada por uma fase “um tanto caótica e dinâmica”, segundo Morbidelli, que gerou forças de maré significativas, afetando o interior lunar.

Essas forças de maré, provocadas pela gravidade da Terra, resultaram em um derretimento parcial do manto lunar, que ocorreu cerca de 200 milhões de anos após a formação do Sistema Solar. Esse fenômeno fez com que a crosta lunar perdesse parte de sua rigidez, levando a erupções vulcânicas que remodelaram a superfície da Lua.

O impacto dessas forças de maré não é incomum; fenômenos semelhantes ocorrem em Io, uma das luas de Júpiter, que também sofre constantes erupções vulcânicas. No caso da Lua, as forças foram suficientemente intensas para causar uma “refusão parcial” da crosta, reiniciando os relógios radioativos das rochas.

Esse processo explica por que as rochas basálticas de diferentes profundidades na crosta “refundida” parecem ter a mesma idade quando datadas por métodos baseados na desintegração atômica de certos elementos. “Quando você funde e recristaliza rochas, só é possível medir a idade da última cristalização”, esclarece Morbidelli.

Os autores do estudo também sugerem que esse fenômeno pode explicar certas características físicas da Lua, como a escassez de bacias de impacto de meteoritos em comparação com o que os modelos previam. Essas bacias teriam sido preenchidas por magma durante a segunda fusão, alterando a história geológica da Lua.

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