Após testemunhar o fenômeno do Sol da meia-noite, conhecidos defensores da teoria da Terra plana admitem erros em suas convicções.
20 de Dezembro de 2024 às 07h45

Terraplanistas reconsideram crenças após expedição à Antártida e Sol da meia-noite

Após testemunhar o fenômeno do Sol da meia-noite, conhecidos defensores da teoria da Terra plana admitem erros em suas convicções.

Uma expedição à Antártida, liderada pelo pastor Will Duffy, trouxe à tona uma nova perspectiva para um grupo de terraplanistas que, após testemunhar o Sol da meia-noite, começaram a questionar suas crenças sobre a forma da Terra. O evento, que ocorreu durante o verão antártico, é um fenômeno que só pode ser observado em um planeta esférico, devido à sua inclinação axial.

Duffy, que se propôs a encerrar de uma vez por todas o debate sobre a forma do planeta, organizou o que chamou de “experimento final”. A expedição contou com a participação de quatro defensores da teoria da Terra plana e quatro apoiadores da visão científica, conhecidos como “globoterráqueos”, que se uniram para observar o fenômeno.

“Eu criei o 'experimento final' para encerrar este debate de uma vez por todas”, declarou Duffy em um comunicado à imprensa antes da viagem. “Depois de ir para a Antártida, ninguém terá mais que perder tempo debatendo a forma da Terra”, acrescentou, confiante de que a experiência mudaria a percepção dos participantes.

Os terraplanistas frequentemente alegam que o Tratado da Antártida de 1959 impede a visitação civil ao continente, supostamente para ocultar a verdade sobre a forma do planeta. A viagem, que custou cerca de 31.495 dólares (aproximadamente R$ 193 mil) por participante, tinha como objetivo desmantelar essa teoria.

O experimento, no entanto, trouxe resultados inesperados, especialmente para Jeran Campanella, um influente youtuber e defensor do terraplanismo. “Às vezes você comete erros na vida. Eu acreditava que não havia Sol 24 horas por dia. Na verdade, eu tinha quase certeza disso”, admitiu Campanella em um vídeo que documentou a experiência.

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Campanella, que é o criador do canal Jeransim e cocriador do GlobeBusters, um canal com 73 mil assinantes, reconheceu que o Sol permanece visível durante todo o dia no verão antártico. “Eu sei que vou ser chamado de falso por dizer isso, e quer saber? Se você é um falso por ser honesto, então que assim seja”, declarou, refletindo sobre a experiência que desafiou suas convicções.

O fenômeno do Sol da meia-noite é uma evidência clara da esfericidade da Terra, pois só ocorre em um planeta que está inclinado e rotacionando. Durante o verão, a inclinação axial do planeta faz com que o Polo Sul fique voltado para o Sol continuamente, algo impossível em uma superfície plana.

Apesar das revelações, nem todos os participantes da expedição foram convencidos. Austin Whitsitt, outro defensor do terraplanismo, reconheceu a existência do Sol da meia-noite, mas afirmou que ainda não considera isso uma prova conclusiva de que a Terra é uma esfera. “Já vi uma demonstração física que podia mostrar que isso funciona numa Terra plana”, disse, sugerindo que o fenômeno poderia ter uma explicação alternativa.

O impacto da viagem na comunidade terraplanista variou. Enquanto alguns seguidores começaram a questionar suas crenças anteriores, outros insistiram que as imagens eram falsas e que a expedição foi manipulada. Alguns acusaram Duffy de ser “um pastor que defende uma Terra que não é bíblica” e de estar a serviço da NASA.

Para Campanella, a experiência foi um divisor de águas. “O mapa AE [equidistante azimutal] não funciona mais”, admitiu, referindo-se ao modelo cartográfico preferido pelos terraplanistas, embora não tenha declarado explicitamente que a Terra é redonda. A expedição à Antártida, portanto, não apenas trouxe à tona novas evidências, mas também desafiou as convicções de alguns dos seus mais fervorosos defensores.

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