Qualidade das praias brasileiras atinge o menor nível em oito anos
Levantamento revela que apenas 30,6% das praias do Brasil foram consideradas boas em 2024, o pior resultado desde 2016.
O Brasil enfrenta um cenário alarmante em relação à qualidade das suas praias, com um levantamento recente indicando que apenas 30,6% dos 1.361 pontos avaliados foram considerados adequados para banho durante todo o ano de 2024. Este é o menor percentual registrado desde que as medições começaram, em 2016.
De acordo com os dados, apenas 416 praias foram classificadas como boas, enquanto 447 foram consideradas ruins ou péssimas, representando 32,8% do total. Outras 416 praias apresentaram qualidade regular, e 82 pontos não tiveram medições realizadas. A situação é particularmente preocupante no estado do Rio de Janeiro, que se destacou negativamente, com 43,4% das praias classificadas como impróprias.
O levantamento, que abrangeu dados de 14 estados entre novembro de 2022 e outubro de 2023, revelou que a região Sul do Brasil possui o maior percentual de praias boas, com 36,3%. O Rio Grande do Sul lidera com 81,4% de suas praias consideradas adequadas, seguido pelo Paraná, com 63,6%. Em contrapartida, Santa Catarina apresentou apenas 21% de praias classificadas como boas, com destaque para Balneário Camboriú, onde apenas 3 dos 15 pontos avaliados foram considerados adequados.
Entre as praias que apresentaram queda na qualidade, algumas localidades turísticas conhecidas, como Morro de São Paulo, na Bahia, também foram afetadas. As praias do Leblon, no Rio de Janeiro, que já haviam registrado problemas no ano anterior, continuam a ser um ponto de preocupação, com a advogada Camila Queiroz expressando sua decepção ao descobrir que a água, que muitas vezes parece clara e convidativa, não é adequada para banho.
Os dados apontam para uma tendência de deterioração na qualidade da água das praias que mantiveram um histórico de medições constantes. Em 2016, 44% dessas praias eram consideradas próprias durante todo o ano, percentual que caiu para 30% em 2024. A situação é agravada por problemas de saneamento e urbanização desordenada, que resultam no lançamento de esgoto e lixo em áreas costeiras.
A Embasa, empresa de água e saneamento da Bahia, destacou que a poluição em algumas praias é causada pelo despejo de esgoto e resíduos em riachos que desaguam no mar. A empresa realiza fiscalizações periódicas, mas os problemas persistem. No Rio de Janeiro, praias que anteriormente eram consideradas adequadas rapidamente passaram a ser classificadas como péssimas, como ocorreu em Lagomar, em Macaé, e no centro de Rio das Ostras.
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) atribui parte da deterioração da qualidade da água à estiagem, que afetou a foz do rio Paraíba do Sul, influenciando as praias em seu entorno. A avaliação da balneabilidade segue normas federais, onde um trecho é considerado próprio se não registrar mais de 1.000 coliformes fecais para cada 100 ml de água nas medições realizadas.
Além dos problemas de saúde associados ao banho em águas impróprias, como doenças gastrointestinais e de pele, a poluição também afeta o ecossistema local, comprometendo organismos marinhos que servem como alimento. O aumento da turbidez da água pode prejudicar espécies sensíveis, como os corais.
Com a chegada do verão, os banhistas devem redobrar a atenção ao escolher as praias, considerando os dados de balneabilidade que refletem a realidade preocupante da costa brasileira. A situação exige uma mobilização para a preservação e melhoria da qualidade das águas, vital para a saúde pública e para a conservação dos ecossistemas marinhos.
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