Avião que caiu em Gramado não tinha caixa-preta; entenda como será a investigação
Aeronave de pequeno porte não possuía o equipamento, dificultando apuração das causas do acidente que deixou 10 mortos.
O acidente aéreo ocorrido em Gramado, na manhã do último domingo (22), resultou na queda de um avião Piper PA-42-1000 Cheyenne 400, que não possuía caixa-preta. A informação foi confirmada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, que destacou que a ausência desse equipamento é um obstáculo significativo para a investigação das causas do trágico evento.
A caixa-preta é um dispositivo crucial para a apuração de acidentes aéreos, pois registra dados e áudios do voo. Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), os principais gravadores são o Cockpit Voice Recorder (CVR), que capta as conversas na cabine, e o Flight Data Recorder (FDR), que registra informações técnicas sobre a aeronave durante o trajeto. A falta desse equipamento pode dificultar a coleta de informações essenciais para entender o que ocorreu antes da queda.
O Piper Cheyenne, que caiu em uma área urbana, tinha capacidade para até nove passageiros e, por essa razão, não era obrigado a ter caixa-preta. Especialistas em segurança de voo, como Fabio Borille, ressaltam que a investigação terá que se basear exclusivamente em imagens de câmeras de segurança e nos destroços da aeronave, uma vez que não há gravações que possam fornecer dados sobre o que ocorreu no momento do acidente.
O acidente deixou um saldo trágico de dez mortos, incluindo o empresário Luiz Cláudio Salgueiro Galeazzi, que pilotava a aeronave. Galeazzi, de 61 anos, era CEO da Galeazzi & Associados, uma empresa de gestão de crises. Ele estava acompanhado de familiares, entre eles sua esposa, três filhas e outros parentes. A identificação das vítimas está sendo realizada pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), que trabalha na confirmação dos nomes através de análises de DNA.
Além das fatalidades, 17 pessoas que estavam em solo foram feridas, principalmente devido à inalação de fumaça provocada pela queda do avião, que atingiu uma pousada e uma loja na Avenida das Hortênsias, uma das principais vias da cidade. Doze feridos foram atendidos no hospital de Gramado, enquanto outros dois foram transferidos para hospitais em Porto Alegre, com um deles em estado grave.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e a Polícia Civil estão à frente da investigação, que busca esclarecer as circunstâncias do acidente. A aeronave havia decolado do aeroporto de Canela com destino a Jundiaí, em São Paulo, e caiu por volta das 9h15. A situação climática na região, marcada por chuva e nevoeiro, pode ter contribuído para o acidente.
Os trabalhos de perícia já foram concluídos, e as autoridades continuam a investigar as causas do acidente, que chocou a comunidade local e levantou questões sobre a segurança de voos em pequenas aeronaves. A falta de caixa-preta, que poderia fornecer informações valiosas, torna a tarefa de apuração mais complexa e desafiadora.
O acidente em Gramado reitera a importância de se discutir a segurança em voos de pequeno porte e a necessidade de regulamentações que possam garantir a proteção de vidas, tanto dos ocupantes das aeronaves quanto das pessoas em solo.
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