Dengue atinge recorde em São Paulo com mais de 2 milhões de casos em 2024
Estado registra mais de 2,16 milhões de casos prováveis e 2 mil mortes neste ano, o maior da história.
O estado de São Paulo enfrenta uma epidemia sem precedentes de dengue em 2024, com mais de 2,16 milhões de casos prováveis registrados até o momento. Este número supera o recorde anterior de 745 mil casos, registrado em 2015, e torna 2024 o ano com o maior número de notificações da história do estado.
De acordo com o painel de dados do governo paulista, cerca de 2,12 milhões desses casos já foram confirmados. As estatísticas foram atualizadas na última sexta-feira, dia 21, e refletem um aumento significativo em relação aos anos anteriores. A série histórica de casos prováveis do Ministério da Saúde, que compila dados de todas as unidades federativas desde 2000, também mostra um crescimento alarmante.
Os dados de 2024 ainda são preliminares e podem ser revisados para cima, à medida que mais informações se tornam disponíveis. A Secretaria de Estado da Saúde foi contatada para comentar sobre a situação e as estratégias de combate à dengue, mas não respondeu até a publicação deste texto.
Em nível nacional, o Brasil também enfrenta uma epidemia de dengue sem precedentes, com 6,6 milhões de casos prováveis registrados até o dia 20 de abril. Destes, 5,8 milhões já foram confirmados por testes laboratoriais, segundo o painel de dados do Ministério da Saúde. Especialistas e autoridades de saúde previam que 2024 seria o pior ano já enfrentado em relação à doença, e os dados até agora confirmam essa previsão.
Entre os fatores que contribuem para a expansão da dengue estão as mudanças climáticas, que incluem temperaturas mais elevadas e chuvas irregulares, favorecendo a reprodução do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença. Além disso, as medidas de controle do mosquito têm se mostrado historicamente pouco eficazes, como a conscientização sobre a eliminação de criadouros e o uso de inseticidas.
Outro fator preocupante é a circulação simultânea dos quatro sorotipos do vírus da dengue no país, o que aumenta a complexidade do controle da doença. O Ministério da Saúde reportou que, até o momento, 5,9 mil pessoas morreram em decorrência da dengue em 2024, com 1.003 óbitos ainda sob investigação. Em São Paulo, o governo contabiliza 2.005 mortes, com outras 427 em investigação.
Em comparação, em 2015, que foi o segundo ano com mais casos em São Paulo, foram registradas 504 mortes. No ano passado, 286 óbitos foram confirmados, segundo a série histórica do Ministério da Saúde.
Embora não exista um tratamento específico para a dengue, as mortes são consideradas evitáveis. O sucesso no manejo da doença depende da identificação precoce dos sinais de alarme, que indicam um agravamento do quadro clínico. Quanto mais rápido esses sinais forem detectados e o tratamento, focado na hidratação do paciente, for iniciado, melhor será o prognóstico.
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