Real é a moeda que mais se desvalorizou em 2024; dólar atinge novo recorde
Com a moeda americana a R$ 6,26, o real acumula desvalorização de 24,3% em 2024, refletindo instabilidades econômicas.
O real brasileiro se consolidou como a moeda que mais se desvalorizou em 2024, com uma queda acentuada de 24,3% até o dia 18 de dezembro, quando o dólar fechou a R$ 6,26. Este cenário de desvalorização é um reflexo das instabilidades econômicas que o Brasil enfrenta, exacerbadas por fatores internos e externos.
Desde o início do ano, a moeda americana tem apresentado uma tendência de alta, atingindo recordes consecutivos. Em janeiro, o dólar estava cotado a R$ 4,85, e em apenas 11 meses, essa cifra saltou para R$ 6,12, representando uma desvalorização de quase 21%. Essa situação é alarmante, especialmente em um ano marcado por uma desvalorização generalizada das principais moedas do mundo.
Entre as 20 moedas mais negociadas globalmente, apenas três não se desvalorizaram em relação ao dólar. O peso mexicano, a lira turca e o rublo russo também enfrentaram quedas significativas, mas nenhuma se compara à situação do real. O peso mexicano e a lira turca, por exemplo, desvalorizaram-se em 16%, enquanto o rublo caiu 15%.
A desvalorização do real é atribuída a uma combinação de fatores, incluindo a alta da inflação no Brasil, que pode ultrapassar a meta de 4,5% estabelecida pelo governo. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma inflação de 4,87% nos últimos 12 meses até novembro. Essa pressão inflacionária tem levado o Banco Central a aumentar a taxa básica de juros, a Selic, que passou de 11,25% para 12,25% ao ano, na tentativa de controlar a situação.
Além disso, a política econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que inclui um pacote fiscal recente, gerou desconfiança entre investidores. A equipe econômica, liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, busca convencer o mercado sobre a eficácia das medidas para controlar os gastos públicos. No entanto, a percepção de que essas ações podem não ser suficientes para estabilizar a economia tem contribuído para a desvalorização do real.
O cenário internacional também influencia a valorização do dólar. O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, elevou as taxas de juros para conter a inflação, atraindo capital global para o mercado americano. Essa dinâmica provoca uma demanda crescente por dólares, enquanto as moedas de países emergentes, como o Brasil, enfrentam uma oferta excessiva de suas próprias moedas, resultando em desvalorização.
Com a expectativa de que o dólar continue forte, as projeções para o futuro próximo não são otimistas. O boletim Focus, uma pesquisa do Banco Central, prevê que o dólar pode cair para R$ 5,85 até o final de 2025, mas essa expectativa vem sendo revista constantemente, indicando que a valorização do real pode não ser tão significativa quanto desejado.
O governo brasileiro enfrenta um desafio complexo para estabilizar a moeda e controlar a inflação, enquanto tenta recuperar a confiança do mercado. A situação atual exige medidas eficazes e um diálogo transparente com os investidores para evitar uma maior desvalorização do real e suas consequências econômicas.
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