Entre as principais moedas do mundo, apenas três não se desvalorizaram em relação ao dólar, e o real lidera a lista de perdas.
18 de Dezembro de 2024 às 15h50

Real brasileiro se destaca como a moeda que mais perdeu valor em 2024

Entre as principais moedas do mundo, apenas três não se desvalorizaram em relação ao dólar, e o real lidera a lista de perdas.

O ano de 2024 tem sido marcado por uma significativa desvalorização do real brasileiro, que se destacou como a moeda que mais perdeu valor entre as 20 mais negociadas globalmente. Dados recentes indicam que, desde o início do ano, o real enfrentou uma desvalorização de quase 21% em relação ao dólar americano, passando de R$ 4,85 em 1º de janeiro para R$ 6,12 na manhã de 18 de dezembro.

Além do real, apenas quatro outras moedas apresentaram desvalorizações em dois dígitos em relação ao dólar: o peso mexicano e a lira turca, ambas com 16%, o rublo russo com 15% e o won sul-coreano com 10%. Outras moedas, como o iene japonês e o euro, também enfrentaram perdas, mas em menor escala, com desvalorizações de 8% e 5%, respectivamente.

O cenário de desvalorização das moedas é um reflexo da valorização do dólar, que se intensificou após a pandemia. O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, elevou as taxas de juros para conter a inflação, atraindo capital internacional e provocando uma demanda crescente pela moeda americana. Essa dinâmica resultou em uma oferta excessiva de outras moedas, contribuindo para a desvalorização do real e de outras moedas emergentes.

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A desvalorização do real foi particularmente acentuada a partir de novembro, quando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva anunciou um novo pacote fiscal. Entre 7 de novembro e 18 de dezembro, o real perdeu 7,3% de seu valor, refletindo a instabilidade econômica e a inflação crescente, que já ultrapassou a meta do governo de 4,5%.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, preocupado com a inflação, decidiu aumentar a taxa básica de juros, a Selic, de 11,25% para 12,25% ao ano. Essa medida visa atrair investidores, mas o temor no mercado é que a inflação elevada neutralize os efeitos positivos de juros mais altos, resultando em uma valorização do dólar em detrimento do real.

Além disso, a expectativa de que o Federal Reserve possa não cortar os juros tão rapidamente quanto se esperava também contribui para a pressão sobre o real. A combinação de fatores internos e externos sugere que a moeda brasileira continuará sob pressão, com incertezas sobre sua trajetória futura.

O cenário econômico para 2025 permanece nebuloso, com previsões de que o dólar possa continuar se valorizando, dependendo das políticas econômicas que serão implementadas nos Estados Unidos sob a nova administração. A situação exige atenção redobrada dos investidores e formuladores de políticas, que buscam maneiras de estabilizar a economia brasileira e conter a inflação.

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