Dólar atinge novo recorde histórico e fecha a R$ 6,26 em meio a incertezas fiscais
A moeda americana disparou nesta quarta-feira, 18, com a expectativa em torno do pacote fiscal do governo
O dólar comercial encerrou a quarta-feira, 18, com uma alta expressiva, atingindo a marca de R$ 6,26, o maior valor já registrado na história. A disparada da moeda americana foi impulsionada por um cenário de incertezas fiscais e pela expectativa em torno da votação do pacote de cortes de gastos proposto pelo governo federal no Congresso Nacional.
No início do dia, a moeda já apresentava oscilações significativas, sendo negociada a R$ 6,19 antes de alcançar o pico de R$ 6,26. O aumento de 2,82% no fechamento foi influenciado pela recente decisão do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, que anunciou um corte de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros, reduzindo-as para uma faixa entre 4,25% e 4,50%. Essa medida, embora tenha sido esperada, não foi suficiente para conter a pressão sobre o real.
O presidente do Fed, Jerome Powell, em coletiva de imprensa, declarou que a decisão de reduzir os juros foi “mais difícil, mas necessária”. Ele também mencionou que a expectativa de novos cortes para 2025 foi revisada para baixo, o que pode impactar o fluxo de investimentos internacionais.
O mercado financeiro brasileiro, por sua vez, está atento à tramitação do pacote fiscal, que inclui um Projeto de Lei (PL), um Projeto de Lei Complementar (PLP) e uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). O governo espera que as medidas, que visam economizar cerca de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, sejam aprovadas até o final da semana. No entanto, há receios de que o pacote possa ser desidratado durante as discussões no Congresso.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, comentou sobre a recente desvalorização do real, atribuindo-a em parte a “especulação” no mercado. Ele afirmou que “nós temos um câmbio flutuante e, neste momento em que as coisas estão pendentes, há um clima de incerteza que faz o câmbio flutuar. Mas eu acredito que ele vai se acomodar”.
As intervenções do Banco Central, que injetou US$ 12,8 bilhões no mercado nos últimos dias, não foram suficientes para conter a alta do dólar. Especialistas apontam que o apetite dos investidores por dólares continua elevado, refletindo a falta de confiança nas contas públicas e a necessidade de reformas estruturais.
Idean Alves, especialista em investimentos, criticou as medidas paliativas adotadas pelo governo, afirmando que “parecem estar tentando apagar um incêndio com copo d’água”. Ele destacou que o Brasil precisa de mudanças estruturais, como cortes de gastos, para restaurar a credibilidade fiscal.
Paula Zogbi, gerente de Research da Nomad, também expressou preocupações sobre a situação econômica, afirmando que “juros mais altos nos EUA tendem a ser um fator de fortalecimento do dólar em relação a outras divisas globais”. Ela alertou que um dólar mais forte pode resultar em inflação crescente, o que levaria a um aumento na taxa Selic e encareceria ainda mais a dívida pública.
Com a incerteza pairando sobre a aprovação do pacote fiscal e a pressão externa sobre a moeda, o cenário econômico brasileiro permanece desafiador, com investidores buscando alternativas mais seguras, mesmo que menos rentáveis.
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