Dólar recua para R$ 6,12 após intervenção do Banco Central com US$ 8 bilhões
Após cinco pregões de alta, moeda americana fecha em queda com leilões recordes do BC; pacote fiscal ainda gera incertezas.
O dólar comercial encerrou a quinta-feira, 19 de dezembro de 2024, com uma queda de 2,3%, cotado a R$ 6,12. Este movimento representa a primeira desvalorização da moeda norte-americana após cinco pregões consecutivos de alta, onde chegou a atingir a marca histórica de R$ 6,30.
A intervenção do Banco Central (BC) foi decisiva para essa queda. Em dois leilões realizados ao longo do dia, a autarquia injetou um total de US$ 8 bilhões no mercado à vista. Essa operação é considerada a maior intervenção diária desde que o Brasil adotou o regime de câmbio flutuante em 1999.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, e seu sucessor, Gabriel Galípolo, participaram de uma coletiva de imprensa onde reafirmaram a disposição da instituição em atuar no mercado cambial, caso necessário. Campos Neto destacou que o BC “tem muita reserva” e que a intervenção foi realizada para corrigir disfuncionalidades no mercado, e não para defender níveis específicos de câmbio.
Desde o início de dezembro, o Banco Central já havia injetado mais de US$ 20 bilhões no mercado, com o objetivo de conter a alta do dólar, que vinha pressionada por fatores como a saída de dividendos e a retirada de investimentos estrangeiros do Brasil. Galípolo, que assumirá a presidência do BC em janeiro, também afastou a ideia de que a alta do dólar fosse resultado de um ataque especulativo, afirmando que a situação é mais complexa e não pode ser reduzida a uma ação coordenada do mercado.
A reação do mercado foi positiva após as declarações dos líderes do BC. Analistas consideraram que a intervenção e as falas dos dirigentes contribuíram para acalmar as expectativas em relação à política fiscal do governo. O pacote fiscal proposto pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda tramita no Congresso, foi considerado insuficiente por alguns agentes financeiros, mas a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que compõe o pacote trouxe um alívio temporário.
Durante a coletiva, Campos Neto também mencionou que o BC está atento ao fluxo cambial, que tende a aumentar no final do ano devido a remessas de lucros e retiradas de capital. Ele enfatizou que a autarquia está preparada para agir conforme as condições do mercado exigirem.
A volatilidade do dólar e as incertezas em torno da política fiscal podem continuar a impactar o câmbio nos próximos dias. O mercado aguarda com expectativa as próximas movimentações do governo e do Banco Central, especialmente em relação à aprovação de medidas que possam estabilizar as contas públicas.
Além disso, o desempenho do Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, também reflete a confiança dos investidores. Após uma forte queda na véspera, o índice operava em alta de 0,30% até o fechamento do dia, indicando uma recuperação parcial em meio a um cenário de incertezas econômicas.
Os leilões realizados pelo BC são uma ferramenta importante para garantir a liquidez no mercado de câmbio, especialmente em períodos de alta volatilidade. A atuação da autarquia é vista como um sinal de comprometimento com a estabilidade econômica e a manutenção do controle da inflação, que continua a ser uma preocupação central para o governo e o Banco Central.
Veja também: