Banco Central realiza leilão de US$ 3 bilhões em meio à alta do dólar
Intervenção do BC nesta quinta-feira soma US$ 15,7 bilhões em leilões no mês, mas moeda americana continua em alta.
O Banco Central (BC) promoveu na manhã desta quinta-feira, 19, um leilão à vista de US$ 3 bilhões, em uma tentativa de conter a escalada do dólar, que fechou o dia anterior a R$ 6,2679. Este foi o quinto leilão realizado na última semana e, apesar da injeção de recursos, a moeda americana continuou sua trajetória de alta, atingindo R$ 6,30 em seu pico durante a manhã.
O leilão, que ocorreu entre 9h15 e 9h20, aceitou seis propostas, com um diferencial de corte de 0,000300. Desde o início das intervenções na última quinta-feira, o BC já havia vendido mais de US$ 12,75 bilhões, incluindo operações à vista e leilões de linha, que são dólares com compromisso de recompra.
A intervenção do Banco Central ocorre em um contexto de crescente desconfiança do mercado em relação à política fiscal do governo e à tramitação de um pacote de cortes de gastos no Congresso Nacional. O total injetado no mercado pelo BC neste mês já alcança US$ 15,7 bilhões, o que representa a maior intervenção em um único mês desde março de 2020.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou sobre a situação do câmbio, afirmando que a moeda é flutuante e que deve se acomodar ao longo do tempo. Ele destacou que as previsões de inflação para o próximo ano estão melhores do que as expectativas de especuladores. “A previsão de inflação e de câmbio para o ano que vem, até aqui, nas conversas com as grandes instituições, são melhores do que as que os especuladores estão fazendo”, disse Haddad.
Entretanto, analistas apontam que a questão fiscal é crucial para a estabilidade do dólar. Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, ressaltou que a percepção de sustentabilidade da trajetória fiscal brasileira é fundamental para que o dólar retorne a níveis mais baixos. “Não significa que a dívida deve parar de subir amanhã, mas é essencial que sejam adotadas medidas que demonstrem que a dívida não vai crescer indefinidamente”, afirmou.
O cenário atual também é impactado por decisões de política monetária nos Estados Unidos, onde o Federal Reserve (Fed) reduziu os juros em 0,25 ponto percentual. Essa medida, embora alinhada às expectativas, gerou especulações sobre os rumos da economia americana sob a nova administração. No Brasil, a ausência de detalhes sobre propostas fiscais, como a criação de um imposto mínimo para milionários, aumenta a apreensão no mercado financeiro.
Enquanto isso, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, permanece volátil. Após uma queda de 3,15% na quarta-feira, o índice registrava leve alta de 0,28% na manhã desta quinta-feira. O desempenho do mercado reflete a cautela dos investidores diante das incertezas fiscais e cambiais, com as próximas votações no Congresso e novas intervenções do BC sendo cruciais para a direção do câmbio e da economia brasileira nos próximos meses.
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