Dólar comercial fecha em alta de 0,99%, superando R$ 6,09, mesmo após leilões de US$ 4,6 bilhões pelo Banco Central
16 de Dezembro de 2024 às 19h10

Mesmo com intervenções do BC, dólar atinge novo recorde de R$ 6,094

Dólar comercial fecha em alta de 0,99%, superando R$ 6,09, mesmo após leilões de US$ 4,6 bilhões pelo Banco Central

O dólar comercial encerrou o pregão desta segunda-feira (16) cotado a R$ 6,094, marcando um novo recorde nominal na história da moeda brasileira. A alta de 0,99% foi registrada mesmo após o Banco Central realizar intervenções significativas no mercado cambial, com a venda de US$ 4,6 bilhões em leilões ao longo do dia.

Durante a manhã, a autoridade monetária promoveu dois leilões para tentar conter a escalada do dólar. O primeiro, um leilão à vista, vendeu US$ 1,6 bilhão a uma taxa de R$ 6,04. Em seguida, um segundo leilão, com compromisso de recompra, comercializou US$ 3 bilhões. Apesar dessas ações, o dólar continuou sua trajetória de alta, refletindo a desconfiança do mercado em relação à situação fiscal do país.

A variação do dólar ao longo do dia foi significativa, com a moeda americana atingindo a mínima de R$ 6,025 e a máxima de R$ 6,098. A reação do mercado ao pacote de contenção de gastos apresentado pelo governo federal em 27 de novembro foi de desconfiança, levando a uma pressão adicional sobre a taxa de câmbio.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central também reagiu ao cenário econômico, elevando a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, passando de 11,25% para 12,25% ao ano. A decisão foi motivada pela percepção negativa do mercado em relação à condução das políticas fiscais e monetárias, que, segundo o Copom, contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa.

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O comunicado do Banco Central, divulgado no último dia 11, destacou que “a percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio”.

O governo, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, corre contra o tempo para aprovar o pacote fiscal antes do recesso parlamentar, que se inicia na próxima sexta-feira (20). A tramitação das propostas enfrenta desafios, especialmente devido à insatisfação do Congresso com as regras mais rígidas para o pagamento de emendas, determinadas pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal.

As intervenções do Banco Central, embora significativas, não foram suficientes para estabilizar o real, que continua a ser pressionado por incertezas fiscais e políticas. A falta de consenso em torno das medidas de ajuste fiscal e a lentidão na tramitação de projetos no Congresso têm gerado um ambiente de cautela entre os investidores, refletindo diretamente na cotação do dólar.

Analistas apontam que a situação atual é um reflexo de um fenômeno conhecido como dominância fiscal, onde a política monetária se torna menos eficaz diante de problemas estruturais nas contas públicas. A expectativa é que a taxa básica de juros continue a subir, com projeções indicando um aumento para 14,25% em maio de 2025.

O cenário econômico permanece desafiador, e a necessidade de reformas estruturais se torna cada vez mais evidente. A capacidade do governo de implementar medidas corretivas será crucial para a estabilização do real e a recuperação da confiança dos investidores no mercado brasileiro.

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