Intervenções do Banco Central e expectativas sobre pacote fiscal impulsionam o mercado financeiro
17 de Dezembro de 2024 às 18h51

Dólar fecha a R$ 6,09 após atingir R$ 6,20; Ibovespa registra alta de 1%

Intervenções do Banco Central e expectativas sobre pacote fiscal impulsionam o mercado financeiro

Após alcançar a marca histórica de R$ 6,20 na manhã desta terça-feira, 17 de dezembro, o dólar encerrou o dia em R$ 6,09, próximo à estabilidade. O movimento de queda da moeda americana foi acompanhado por uma alta de mais de 1% no Ibovespa, que atingiu 124.805 pontos, refletindo um ambiente de negócios mais favorável para os ativos brasileiros.

O Banco Central (BC) realizou intervenções no mercado cambial, promovendo leilões à vista para conter a valorização do dólar. No início da tarde, a autoridade monetária vendeu US$ 2,015 bilhões, após já ter negociado US$ 1,272 bilhão na parte da manhã. As vendas ocorreram a uma taxa média de R$ 6,15 por dólar, demonstrando a estratégia do BC em injetar liquidez no mercado e estabilizar a moeda.

Rodrigo Marcatti, economista e diretor da Veedha Investimentos, destacou que a combinação das intervenções do BC com a expectativa de votação de projetos relacionados à reforma tributária e ao pacote fiscal, incluindo o PLP 210, foi crucial para a melhora nos indicadores do mercado. Ele afirmou: “Isso trouxe um pouco de melhora em todos os indicadores, a bolsa subindo perto de 1% e o dólar voltando para um patamar de R$ 6,09, bem distante da máxima de R$ 6,20.”

O PLP 210, que está em discussão no Congresso, visa estabelecer limites para a concessão de créditos tributários em situações de déficit fiscal. O projeto também permite que o Executivo bloqueie ou contingencie a concessão desses créditos, o que pode ajudar a controlar as despesas não obrigatórias.

Marcatti acrescentou que a celeridade na aprovação do PLP 210 é fundamental para trazer estabilidade ao mercado. “A Câmara atendeu a esse pedido e está tentando acelerar a aprovação, o que deve trazer um pouco de calmaria para o mercado”, afirmou.

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Além das intervenções do BC, o mercado também reagiu à divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que indicou a disparada do dólar como um dos fatores que podem levar ao aumento das taxas de juros no Brasil. Sérgio Goldstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, observou que a ata revela uma coesão entre os membros do Copom, que decidiram por unanimidade sobre a política monetária.

O professor de finanças da Universidade Federal Fluminense (UFF), Pedro Ivo Camacho Salvador, comentou que a alta do dólar é influenciada pela relação entre oferta e demanda, além das expectativas futuras. Ele destacou que o déficit público pressiona a oferta de dólares no mercado, refletindo na volatilidade da moeda.

Salvador também mencionou o fenômeno do overshooting, que pode aumentar a volatilidade da taxa de câmbio além do nível esperado. “O grande problema é comparar esse movimento com outros momentos caóticos, como o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a crise da COVID-19”, disse.

Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo Lula no Senado, criticou a especulação em torno do dólar, afirmando que “não é tão simples controlar o mercado, depende muito mais da maturidade dos agentes financeiros”.

Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, alertou que a resistência do câmbio em voltar para baixo de R$ 6,00 reflete a deterioração das expectativas em relação à economia brasileira. Ele ressaltou que o mercado permanece desconfiado em relação à política fiscal nos próximos anos.

Apesar da turbulência do dia, o Ibovespa se manteve em alta, fechando em 124.543,04 pontos, com um avanço de 0,80% às 17h10, indicando uma recuperação do mercado acionário brasileiro.

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