A moeda americana encerrou o dia em alta de 0,99%, mesmo após leilões do Banco Central para conter a valorização.
16 de Dezembro de 2024 às 17h45

Dólar atinge novo recorde histórico, fechando a R$ 6,09, apesar de intervenções do BC

A moeda americana encerrou o dia em alta de 0,99%, mesmo após leilões do Banco Central para conter a valorização.

O dólar comercial encerrou a sessão desta segunda-feira, 16 de dezembro, com um novo recorde histórico, cotado a R$ 6,09, em uma alta de 0,99%. Este aumento ocorre em um cenário de crescente pressão sobre a moeda, mesmo com as intervenções do Banco Central (BC) no mercado cambial.

Logo pela manhã, o BC realizou um leilão extraordinário, vendendo US$ 1,63 bilhão, a maior operação desde 2020. Apesar da venda integral do lote a R$ 6,04, a medida não foi suficiente para conter a valorização do dólar, que chegou a se aproximar de R$ 6,10 durante o dia.

Além do leilão extraordinário, o BC já havia anunciado uma operação anterior, que envolveu a venda de até US$ 3 bilhões, com compromisso de recompra. Essa estratégia visa proporcionar liquidez ao mercado, mas, segundo analistas, a injeção de dólares não foi capaz de estabilizar a moeda americana, que continua a ser impactada pela dinâmica fiscal do país.

O economista Daniel Miraglia, do Integral Group, observa que a situação atual reflete um processo de dominância fiscal, onde a política monetária perde eficácia sobre a economia. “Acho que o Brasil está próximo da dominância, que é quando a política monetária deixa de ter efeito, tornando a economia menos sensível a juros”, afirma Miraglia, destacando que essa realidade é evidenciada nas taxas de juros negociadas no mercado.

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As preocupações com a condução das contas públicas e a tramitação de projetos no Congresso também têm contribuído para a pressão sobre o real. Rodrigo Cabraitz, trader de câmbio da Principal Claritas, ressalta que a expectativa de desidratação das medidas fiscais pode impactar negativamente o orçamento, dificultando a recuperação da moeda. “O ritmo das discussões legislativas é muito curto para a complexidade das questões em pauta”, alerta Cabraitz.

Além disso, o mercado financeiro aguarda a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Federal Reserve (Fed) para a definição das novas taxas de juros americanas, com expectativa de um corte de 0,25 ponto percentual. A atenção também se volta para as declarações do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que mencionou o Brasil como alvo de possíveis retaliações comerciais, aumentando a incerteza no cenário econômico.

Enquanto isso, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, opera em baixa, refletindo a instabilidade do mercado. Por volta das 17h15, o índice registrava uma queda de 0,31%, aos 124.230,97 pontos. Fabio Louzada, economista e planejador financeiro, destaca que as preocupações com o corte fiscal continuam a ditar o ritmo do mercado, com o Boletim Focus indicando uma elevação nas projeções para a Selic e o IPCA.

Para 2025, as expectativas apontam para uma taxa Selic de 14% e uma projeção de IPCA em 4,60%, acima do teto da meta. Louzada observa que esses dados têm gerado estresse na curva de juros, resultando em novas máximas nas taxas de títulos do Tesouro Direto, que têm apresentado rendimentos acima de 7,7% para o Tesouro IPCA 2029 e acima de 15% para o Tesouro prefixado 2027.

As intervenções do BC, embora significativas, não têm conseguido barrar a alta do dólar, que continua a ser influenciada por fatores internos e externos. O cenário fiscal do Brasil, aliado à dinâmica do mercado internacional, permanece como um desafio para a estabilidade da moeda nacional.

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