Ministério Público acusa policiais de receber propinas para encerrar investigações sobre rifas promovidas por influenciadores digitais.
26 de Dezembro de 2024 às 17h26

Investigadores são denunciados por corrupção em caso de rifas ilegais em SP

Ministério Público acusa policiais de receber propinas para encerrar investigações sobre rifas promovidas por influenciadores digitais.

São Paulo – O Ministério Público de São Paulo (MPSP) apresentou, nesta quinta-feira (26/12), uma denúncia contra dois investigadores do 6º Distrito Policial de Santo André, na Grande São Paulo, por corrupção passiva. Os policiais, Rodrigo Barros de Camargo e Adriano Fernandes Bezerra, são acusados de solicitar propinas de influenciadores digitais para arquivar investigações relacionadas a rifas e sorteios realizados pela internet, uma prática que configura contravenção penal por exploração de jogos de azar.

De acordo com os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), os influenciadores que promoviam essas rifas temiam que as investigações levassem a ordens judiciais que poderiam resultar no bloqueio temporário de seus perfis nas redes sociais, especialmente no Instagram. Para evitar prejuízos financeiros e de imagem, os artistas concordaram em pagar as propinas solicitadas pelos investigadores.

A denúncia foi fundamentada em mensagens obtidas durante a Operação Latus Actio, deflagrada em março deste ano, que resultou na apreensão de celulares de influenciadores e empresários do funk. Um dos diálogos encontrados revela a preocupação de um influenciador: “É bom ser amigo dessas delegacias. Quando quiser, pum, nós troca umas ideia, dá cinquentinha. Melhor do que perder o Instagram onde nós pode fazer milhões (sic).” Além disso, foram identificadas conversas que mencionam cobranças de propinas que chegavam a até R$ 200 mil.

As investigações também revelaram comunicações entre o investigador Rodrigo Camargo e Henrique Viana, conhecido como “Rato”, um dos empresários envolvidos nas rifas irregulares. Em uma dessas conversas, eles combinaram um encontro em frente à produtora Love Funk, e Camargo teria repassado informações sigilosas sobre a investigação ao empresário.

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A gravidade das suspeitas levou o Ministério Público e a Polícia Federal a realizar a segunda fase da Operação Latus Actio em 12 de dezembro, resultando na prisão preventiva de Camargo. A Polícia Federal também executou buscas em endereços de outros delegados envolvidos no caso.

O MPSP solicitou que a prisão preventiva do investigador seja mantida até a conclusão das investigações, argumentando que, em liberdade, ele poderia continuar a prática de crimes de corrupção ativa. Os promotores destacam que a liberdade do agente representa um risco à ordem pública, dada a alta probabilidade de reiteração delitiva e seu potencial de intimidação, decorrente de sua posição e do porte de arma de fogo que lhe é inerente.

Além dos investigadores, o Ministério Público também pediu que três MCs que promovem os sorteios nas redes sociais – Davi José Xavier Paiva (conhecido como “MC Paiva”), Gustavo Henrique Ramos Toledo (“MC Ghdo7”) e Silas Rodrigues Santos (“MC Brisola”) – sejam responsabilizados por contravenção penal.

O espaço está aberto para que as defesas dos acusados se manifestem sobre as denúncias apresentadas. O MPSP busca contato com os advogados para obter suas considerações sobre o caso.

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