Vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia destaca postura hostil dos EUA e possíveis consequências
27 de Dezembro de 2024 às 10h09

Rússia alerta sobre riscos de testes nucleares sob governo de Donald Trump

Vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia destaca postura hostil dos EUA e possíveis consequências

O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, responsável pela supervisão do controle de armas nucleares, fez um alerta ao novo governo de Donald Trump nesta sexta-feira (27) sobre a possibilidade de retomada dos testes nucleares. Em suas declarações, Ryabkov enfatizou que a Rússia manteria suas opções em aberto diante do que classificou como uma postura "extremamente hostil" dos Estados Unidos.

Durante uma entrevista ao jornal russo Kommersant, o vice-ministro expressou preocupação com a situação internacional, afirmando que "a política americana em seus vários aspectos é extremamente hostil para nós hoje". Ele ressaltou que a Rússia está atenta às ações dos EUA e que não descarta qualquer medida necessária para garantir sua segurança.

Ryabkov também mencionou que, durante o primeiro mandato de Trump, o governo americano havia discutido a possibilidade de realizar o primeiro teste nuclear desde 1992, o que poderia inaugurar uma nova era de tensão entre as potências nucleares. "As opções para agirmos no interesse de garantir a segurança e as possíveis medidas que temos para isso não excluem nada", advertiu.

A retomada dos testes nucleares por Rússia e Estados Unidos, as duas maiores potências nucleares do mundo, seria um passo perigoso, quase 80 anos após os EUA terem realizado seu primeiro teste nuclear em Alamogordo, Novo México, em julho de 1945. Atualmente, tanto a Rússia quanto os EUA estão modernizando seus arsenais nucleares, enquanto os tratados de controle de armas da era da Guerra Fria se desmoronam.

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Em 2023, o presidente russo Vladimir Putin revogou formalmente a ratificação da Rússia do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT), alinhando seu país com a postura americana. O CTBT foi assinado pela Rússia em 1996 e ratificado em 2000, enquanto os Estados Unidos assinaram o tratado, mas não o ratificaram.

Os temores de que os EUA possam retomar os testes nucleares têm gerado preocupação entre especialistas em controle de armas, que veem essa possibilidade como uma forma de desenvolver novas armas e enviar um sinal a rivais como a Rússia e a China. Atualmente, a Rússia possui cerca de 5.580 ogivas nucleares, enquanto os EUA detêm aproximadamente 5.044, totalizando cerca de 88% das armas nucleares do mundo, de acordo com a Federação de Cientistas Americanos.

Desde o colapso da União Soviética em 1991, poucos países realizaram testes nucleares, sendo que os Estados Unidos foram os últimos a fazê-lo em 1992. A China e a França realizaram testes em 1996, enquanto Índia e Paquistão o fizeram em 1998, e a Coreia do Norte em 2017.

Putin já declarou que a Rússia consideraria realizar testes nucleares se os Estados Unidos decidirem fazê-lo. A tensão entre as potências nucleares continua a crescer, especialmente após a recente atualização da doutrina nuclear da Rússia, que reduz o limite para um ataque nuclear em resposta a uma gama mais ampla de ataques convencionais.

O cenário atual exige atenção redobrada, uma vez que a dinâmica de poder entre as nações nucleares se torna cada vez mais complexa e volátil, refletindo um ambiente internacional repleto de incertezas.

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