Febre oropouche se espalha por 22 estados e já ultrapassa 11 mil casos em 2024
Ministério da Saúde alerta para o avanço da febre oropouche, que já causou quatro mortes e recomenda cuidados especiais.
A febre oropouche, uma doença viral transmitida por mosquitos, tem se espalhado rapidamente pelo Brasil, alcançando 22 estados e registrando mais de 11 mil casos até a semana epidemiológica 50, que ocorreu entre 8 e 14 de dezembro de 2024. As informações foram divulgadas em uma nota técnica pelo Ministério da Saúde. Apenas os estados do Rio Grande do Norte, Goiás, Distrito Federal, Paraná e Rio Grande do Sul não apresentaram casos de transmissão local.
O agente causador da febre oropouche é o Orthobunyavirus oropoucheense (OROV), um arbovírus que é transmitido principalmente pela picada do mosquito Culicoides paraensis, conhecido popularmente como maruim ou mosquito-pólvora. Este vírus foi identificado no Brasil na década de 1960, após a coleta de uma amostra de sangue de um bicho-preguiça durante a construção da rodovia Belém-Brasília.
Os sintomas da febre oropouche são agudos e incluem febre de início súbito, cefaleia intensa, dor muscular e articular, além de tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos. A duração dos sintomas varia de dois a sete dias e, embora a maioria dos casos seja autolimitada, há registros de gravidade e óbitos associados à doença.
Até o momento, o Ministério da Saúde confirmou quatro mortes relacionadas à febre oropouche: duas na Bahia, uma no Paraná e uma no Espírito Santo. Além disso, outros quatro óbitos estão sob investigação, com suspeitas em estados como Espírito Santo, Alagoas, Mato Grosso e Acre.
Atualmente, não existe um tratamento específico para a febre oropouche. O manejo é de suporte, com a administração de medicamentos para alívio da dor, náuseas e febre, além de recomendações para hidratação e repouso.
Em 2023, foram identificados quatro casos de transmissão vertical da doença, que ocorre quando o vírus é transmitido da mãe para o bebê durante a gravidez, o parto ou a amamentação, resultando em óbito fetal. Três desses casos foram registrados em Pernambuco e um no Ceará. Também foi relatado um caso de anomalia congênita no Acre, associado à infecção pelo vírus, embora a nota não forneça detalhes sobre a anomalia.
Atualmente, 24 casos estão em investigação, sendo 20 relacionados a óbitos fetais em Pernambuco e quatro a anomalias congênitas, com registros na Bahia, Acre e Espírito Santo.
Para se proteger da febre oropouche, o Ministério da Saúde recomenda algumas medidas, especialmente para grupos vulneráveis e gestantes. Entre as orientações estão:
- Usar roupas que cubram áreas expostas do corpo, como calças e camisas de mangas longas, além de meias e sapatos fechados;
- Evitar a exposição ao maruim, que é mais ativo durante o amanhecer e o final da tarde;
- Instalar telas de malha fina nas janelas ou usar mosquiteiros com gramatura inferior a 1,5 mm;
- Embora não haja comprovação da eficácia de repelentes contra o maruim, seu uso é recomendado para proteção contra outros mosquitos, como o Culex spp (pernilongo) e o Aedes aegypti;
- Manter o ambiente limpo e livre de acúmulo de material orgânico, como folhas e frutos de plantações;
- Gestantes devem evitar atividades que possam expô-las ao vetor, como a limpeza de quintais.
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