Relatório revela que o país pode enfrentar até 128 mil catástrofes até 2050 devido à crise climática
27 de Dezembro de 2024 às 19h29

Aumento de desastres climáticos no Brasil chega a 250% em quatro anos, aponta estudo

Relatório revela que o país pode enfrentar até 128 mil catástrofes até 2050 devido à crise climática

Um estudo recente da Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica revelou que o número de desastres climáticos no Brasil aumentou em 250% nos últimos quatro anos, em comparação com a década de 1990. Entre 2020 e 2023, o país registrou mais de 16 mil eventos climáticos, superando as 6.523 ocorrências contabilizadas entre 1991 e 2000.

Os dados, divulgados na última sexta-feira, 27, indicam que desde 1990, o Brasil enfrentou um total de 64.280 desastres climáticos. A média anual de tragédias na década de 1990 foi de 725, número que disparou para mais de 4 mil eventos por ano entre 2020 e 2023.

A pesquisa aponta que 92% dos municípios brasileiros sofreram danos extremos causados por fenômenos climáticos, resultando em prejuízos econômicos que ultrapassam R$ 547 bilhões. As secas, que correspondem a 50% dos registros, foram seguidas por inundações e enchentes, que representam 27% dos eventos, e tempestades, com 19%.

O relatório também apresenta um cenário preocupante para o futuro. No cenário mais otimista, o Brasil poderá enfrentar até 128 mil desastres climáticos até 2050, considerando as catástrofes já observadas, como as chuvas torrenciais que devastaram o Rio Grande do Sul entre abril e maio deste ano.

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O aquecimento dos oceanos é um dos principais fatores que explicam a escalada dos desastres climáticos. Para cada aumento de 0,1°C na temperatura das águas superficiais do mar, estima-se que ocorram 584 eventos extremos adicionais. O professor Ronaldo Christofoletti, do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), destaca que “o oceano é fundamental para a regulação climática global, e seu aquecimento contínuo evidencia os impactos crescentes da crise climática no sistema terrestre”.

Os pesquisadores enfatizam a urgência de articular políticas públicas que ajudem a mitigar os danos causados pela crise climática. Janaína Bumbeer, pesquisadora da Aliança e gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário, ressalta que “apesar das projeções negativas, ainda há tempo para agir. A recuperação de manguezais e dunas, por exemplo, são soluções verde-azuis que aumentam a resiliência contra eventos climáticos extremos”.

O estudo também revela que, entre 1995 e 2023, os prejuízos econômicos causados por desastres climáticos no Brasil atingiram R$ 547,2 bilhões, sendo que nos primeiros quatro anos da década de 2020, as perdas somaram R$ 188,7 bilhões, representando 80% do total registrado na década anterior.

As projeções indicam que, se as metas do Acordo de Paris forem cumpridas, o Brasil poderá registrar até 128.604 desastres climáticos entre 2024 e 2050. No cenário mais pessimista, onde o aquecimento global ultrapassa 4°C, o número de desastres pode chegar a quase 600 mil ocorrências até 2100.

As consequências sociais e econômicas desses desastres são alarmantes. Mesmo no menor cenário, o Brasil pode sofrer um impacto de R$ 1,61 trilhão até 2050, enquanto no cenário pessimista, os custos podem ultrapassar R$ 8,2 trilhões até o final do século.

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