Pesquisa da OMS aponta que ansiedade e depressão são os transtornos mais comuns entre jovens; atenção às mudanças de comportamento é essencial.
26 de Dezembro de 2024 às 15h52

Estudo revela que um em cada sete adolescentes enfrenta problemas de saúde mental

Pesquisa da OMS aponta que ansiedade e depressão são os transtornos mais comuns entre jovens; atenção às mudanças de comportamento é essencial.

Um estudo recente realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, revelou que aproximadamente um em cada sete adolescentes sofre de algum tipo de transtorno mental, com a ansiedade e a depressão se destacando como os problemas mais prevalentes. A pesquisa foi publicada em outubro no Journal of Adolescent Health.

Além dos transtornos mencionados, o estudo também identificou altas taxas de abuso de álcool e drogas, distúrbios alimentares, problemas de comportamento e ideação suicida. Os dados indicam que cerca de um terço dos jovens apresenta esses problemas antes dos 14 anos, e metade deles manifesta tais condições por volta dos 18 anos. Muitos adolescentes também enfrentam estresse psicossocial que não chega a ser diagnosticado.

A pesquisa foi baseada em uma revisão de estudos realizados desde 2010, com o objetivo de identificar os fatores que mais impactam a saúde e o desenvolvimento dos adolescentes na faixa etária de 10 a 19 anos em todo o mundo.

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Os especialistas apontam que o aumento dos problemas de saúde mental entre os jovens pode ser atribuído a diversos fatores, incluindo o maior número de pesquisas realizadas nessa faixa etária, além do acesso ampliado à informação e a uma melhor compreensão das questões relacionadas à saúde mental, o que tem contribuído para diagnósticos mais precisos.

O desenvolvimento de transtornos mentais é influenciado por uma combinação de fatores, como condições sociais, econômicas, psicológicas, culturais e genéticas, além de histórico familiar e experiências de maus-tratos físicos e psicológicos, assim como eventos estressantes recorrentes. O psiquiatra Gabriel Okuda, do Hospital Israelita Albert Einstein, afirma: “Não há um único fator causal, é uma soma de situações que podem levar a alterações e maior vulnerabilidade para quadros de transtorno mental”.

O estudo também destaca um aumento significativo do sentimento de solidão entre os adolescentes, especialmente entre as meninas, com esse fenômeno dobrando entre 2012 e 2018. Os autores do estudo sugerem que essa solidão pode estar relacionada ao aumento do uso de tecnologia e redes sociais, que podem resultar em exclusão escolar e bullying.

“De fato, o contato por redes sociais é mais distante, gera relações mais superficiais”, avalia Okuda. “A pandemia da Covid-19 acelerou o isolamento social, já que crianças e adolescentes perderam o convívio escolar e isso impactou a formação de amizades e o funcionamento social, tudo foi trocado pela vivência online.”

A adolescência é uma fase de transição crucial, onde os jovens estão desenvolvendo suas identidades e lidando com novas expectativas e responsabilidades, o que pode ser desafiador para a saúde mental. Por isso, é fundamental que pais e educadores estejam atentos a qualquer mudança de comportamento.

Os especialistas recomendam que, se familiares, amigos ou professores notarem alterações significativas, como agitação, agressividade, irritabilidade, tristeza ou isolamento, é importante considerar a possibilidade de que esses sinais possam estar relacionados a transtornos mentais. Mudanças na forma de se comunicar, pensar ou até mesmo na aparência também devem ser observadas, uma vez que podem indicar a necessidade de orientação profissional.

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