Dólar registra alta de 27% em 2024, pior desempenho do real desde 2020
Banco Central realiza a maior intervenção da história do regime de câmbio flutuante para conter a moeda americana
O dólar encerrou o ano de 2024 com uma valorização de 27,34% em relação ao real, marcando o pior desempenho anual da moeda brasileira desde 2020. A alta da divisa americana foi impulsionada por uma série de fatores, incluindo a maior intervenção do Banco Central (BC) desde o início do regime de câmbio flutuante, que buscou conter a escalada da moeda em dezembro.
Na última sessão do ano, realizada na segunda-feira, 30 de dezembro, o BC injetou US$ 1,815 bilhão no mercado cambial, após o dólar ter atingido uma alta de 0,8%, alcançando R$ 6,2426. Com a realização do leilão à vista, a moeda americana inverteu a tendência e fechou o dia em queda de 0,21%, cotada a R$ 6,1802.
O desempenho do real em 2024 foi marcado por uma desvalorização significativa, refletindo um cenário de incertezas econômicas e políticas. A última vez que o real apresentou um desempenho tão negativo foi em 2020, durante o auge da pandemia de covid-19, quando a moeda americana subiu 29,36% em relação ao real.
Em dezembro, o dólar teve uma alta acumulada de aproximadamente 3%, mesmo com as intervenções do BC. O euro também recuou, fechando a R$ 6,4243, enquanto o dólar futuro para fevereiro caiu 0,31%, cotado a R$ 6,2130.
A pressão sobre o real foi exacerbada pela volatilidade no mercado cambial, com investidores vendidos, que lucram com a desvalorização da moeda, provocando oscilações significativas. O dólar chegou a cair 0,64%, atingindo R$ 6,1535, o menor valor desde a última quinta-feira.
Analistas apontam que a liberação parcial de emendas parlamentares, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, não foi suficiente para aliviar as preocupações do mercado em relação à votação do orçamento para o ano seguinte, que ocorrerá após o recesso legislativo em Brasília.
O gerente da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, destacou que o BC tomou precauções ao realizar o leilão à vista somente após a formação da taxa Ptax, evitando interferências nas posições de compra e venda. No entanto, ele considera que as ações da autoridade monetária têm sido, na prática, ineficazes.
Com a intervenção de dezembro, o BC acumulou um total de US$ 21,575 bilhões em leilões à vista, estabelecendo um novo recorde para um único mês na história do regime de câmbio flutuante, superando a marca anterior de março de 2020, quando foram vendidos US$ 12,054 bilhões.
A forte valorização do dólar não se restringiu apenas ao Brasil. A moeda americana subiu 24% em relação ao rublo, 21% contra o peso mexicano e 20% em relação à lira turca. Esse movimento foi influenciado por fatores globais, incluindo a eleição de Donald Trump, que reacendeu temores de políticas inflacionárias nos Estados Unidos.
No acumulado do ano, o índice DXY, que mede a força do dólar em relação a uma cesta de moedas, registrou uma alta de 6,6%, atingindo 108,07 pontos. No Brasil, a taxa Ptax de hoje foi repetida em R$ 6,1923, com uma queda de 0,11% na sessão e uma alta de 27,91% no ano.
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