FAB finaliza análise de caixas-pretas de avião da Embraer que caiu no Cazaquistão
Investigadores do Cazaquistão e da Rússia acompanharão a transcrição dos dados extraídos dos gravadores de voo.
A Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou nesta segunda-feira que concluiu, no último sábado, a extração e validação dos dados contidos nas duas caixas-pretas do avião da Embraer que caiu no Cazaquistão em 25 de dezembro de 2023. O acidente resultou na morte de 38 pessoas, entre passageiros e tripulantes.
Os gravadores de voo foram analisados no Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo (LABDATA), localizado no Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), em Brasília. Após a conclusão dos trabalhos, todos os dados foram entregues à Autoridade de Investigação do Cazaquistão, que é responsável pela análise e investigação do acidente, conforme os protocolos internacionais de aviação.
O acidente ocorreu quando o voo J2-8243 da Azerbaijan Airlines, que transportava 62 passageiros e cinco membros da tripulação, fez um pouso de emergência a cerca de três quilômetros de Aktau, no Cazaquistão. Entre os ocupantes, estavam 37 cidadãos azerbaijanos, seis cazaques, três quirguizes e 16 russos, conforme informou o Ministério dos Transportes do Cazaquistão.
O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, acusou a Rússia de ter disparado contra a aeronave antes de sua queda, exigindo que Moscou assumisse a responsabilidade pelo incidente. Essa é a primeira vez que um dos países envolvidos se pronuncia publicamente sobre a possibilidade de que o avião tenha sido abatido acidentalmente, uma hipótese que ganhou força após a divulgação de imagens que mostravam danos na fuselagem da aeronave.
O vice-primeiro-ministro do Cazaquistão, Kanat Bozumbayev, afirmou que a análise das caixas-pretas levará cerca de duas semanas. As autoridades esperam que os dados recuperados ajudem a esclarecer as circunstâncias do acidente, que deixou um saldo trágico de vidas perdidas.
O governo do Azerbaijão rejeitou um pedido da Rússia e do Cazaquistão para que a investigação fosse conduzida por um órgão de aviação da Comunidade de Estados Independentes, optando por solicitar uma investigação por um grupo internacional de especialistas, incluindo representantes da fabricante Embraer.
O presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu que a defesa aérea russa estava em operação no dia do acidente, em meio a um alegado ataque de drones da Ucrânia. Ele pediu desculpas pelo que chamou de “trágico incidente” e enfatizou a necessidade de uma investigação “objetiva e transparente”.
Enquanto isso, a Azerbaijan Airlines anunciou que suspenderá os voos para dez cidades russas após o acidente, citando “interferência externa, física e técnica” como um dos fatores que levaram à tragédia. A fabricante Embraer expressou suas condolências e afirmou que está acompanhando a situação de perto.
O acidente destaca a complexidade das investigações de acidentes aéreos, especialmente em cenários onde múltiplas nações estão envolvidas. A colaboração internacional será crucial para esclarecer os eventos que levaram à queda do avião e garantir que lições sejam aprendidas para prevenir futuros incidentes.
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