Disque 100 registra 657,2 mil denúncias de violações de direitos humanos em 2024
Aumento de 22,6% em relação a 2023 revela preocupante cenário de abusos no Brasil.
O Disque 100, serviço gratuito e acessível para o registro de denúncias de violações de direitos humanos, contabilizou mais de 657,2 mil denúncias em 2024. Esse número representa um crescimento de 22,6% em comparação a 2023, quando foram registradas 536,1 mil ocorrências. Além disso, o total de violações aumentou de 3,4 milhões em 2023 para 4,3 milhões em 2024.
Os dados foram divulgados pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, vinculada ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), e refletem um novo recorde para o serviço. Para Franciely Loyze, coordenadora-geral do Disque 100, o aumento no número de denúncias indica uma maior confiança da população no serviço. “A Ouvidoria tem retomado o olhar para o Disque 100 como um canal de denúncias de violações de direitos humanos que tinha perdido suas especificidades”, explica.
O perfil das vítimas revela que a maioria é do gênero feminino, totalizando 372,3 mil registros. Além disso, as pessoas brancas somam 261,6 mil e a faixa etária mais afetada é a de 70 a 74 anos, com 32,5 mil casos. As violações ocorrem, em sua maioria, na residência da vítima e do suspeito, totalizando 301,4 mil ocorrências.
Entre os grupos mais vulneráveis, destacam-se crianças e adolescentes, com 289,4 mil denúncias, e pessoas idosas, com 179,6 mil. Embora o número de denúncias de mulheres tenha apresentado uma leve redução de 2,9%, elas ainda representam uma parcela significativa das vítimas.
Os estados que lideram o ranking de denúncias são São Paulo, com 174,6 mil, seguido do Rio de Janeiro, com 83,1 mil, e Minas Gerais, com 72,8 mil. Esses estados também concentram os maiores números de violações de direitos humanos, com 1,17 milhão, 562,1 mil e 490,6 mil, respectivamente.
Em 2024, o perfil dos agressores apresentou uma mudança significativa. As mulheres passaram a liderar o gênero dos suspeitos de agressão, totalizando 283,1 mil casos, um aumento de 28,8% em relação ao ano anterior. A maioria dos agressores é branca (172,9 mil) e tem entre 30 e 34 anos (65,8 mil).
Os principais suspeitos de cometer agressões são, em sua maioria, parentes de primeiro grau da vítima, incluindo mães (160,8 mil), filhos ou filhas (108,8 mil) e pais (49,2 mil). Essa relação familiar entre vítimas e agressores é um aspecto alarmante que merece atenção.
As violações mais recorrentes incluem a integridade por negligência, que teve um aumento de 45,2% no número de denúncias, passando de 319,6 mil para 464,3 mil ocorrências. Em seguida, a tortura psíquica (389,3 mil) e a integridade física com exposição a riscos à saúde (368,7 mil) também registraram aumentos significativos, de 35% e 30,5%, respectivamente.
Para 2025, o Disque 100 planeja a implementação de uma nova central de atendimento, que contará com monitoramento contínuo das denúncias e capacitação regular dos atendentes. A mudança visa melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e a eficiência no atendimento às vítimas. “O foco será no livre relato da vítima, possibilitando a captação do maior número de informações em menor tempo”, afirma Franciely Loyze.
Além disso, estão sendo firmados acordos de cooperação técnica para capacitar os pontos focais em cada estado, com o objetivo de aprimorar o fluxo de encaminhamento das denúncias. Dois novos protocolos de atendimento também serão implementados, um voltado para pessoas com deficiência e outro para idosos vítimas de crimes patrimoniais e financeiros.
As violações de direitos humanos podem ser denunciadas por diversas plataformas, incluindo o Disque 100, WhatsApp e Telegram. As denúncias são encaminhadas aos órgãos de proteção e apuração, como conselhos estaduais e delegacias. “Nós encaminhamos as denúncias e fazemos o acompanhamento após elas saírem da central do Disque 100”, explica Franciely Loyze.
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