Aumento de 22,6% em relação a 2023 revela preocupante cenário de abusos no Brasil.
06 de Janeiro de 2025 às 20h34

Disque 100 registra 657,2 mil denúncias de violações de direitos humanos em 2024

Aumento de 22,6% em relação a 2023 revela preocupante cenário de abusos no Brasil.

O Disque 100, serviço gratuito e acessível para o registro de denúncias de violações de direitos humanos, contabilizou mais de 657,2 mil denúncias em 2024. Esse número representa um crescimento de 22,6% em comparação a 2023, quando foram registradas 536,1 mil ocorrências. Além disso, o total de violações aumentou de 3,4 milhões em 2023 para 4,3 milhões em 2024.

Os dados foram divulgados pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, vinculada ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), e refletem um novo recorde para o serviço. Para Franciely Loyze, coordenadora-geral do Disque 100, o aumento no número de denúncias indica uma maior confiança da população no serviço. “A Ouvidoria tem retomado o olhar para o Disque 100 como um canal de denúncias de violações de direitos humanos que tinha perdido suas especificidades”, explica.

O perfil das vítimas revela que a maioria é do gênero feminino, totalizando 372,3 mil registros. Além disso, as pessoas brancas somam 261,6 mil e a faixa etária mais afetada é a de 70 a 74 anos, com 32,5 mil casos. As violações ocorrem, em sua maioria, na residência da vítima e do suspeito, totalizando 301,4 mil ocorrências.

Entre os grupos mais vulneráveis, destacam-se crianças e adolescentes, com 289,4 mil denúncias, e pessoas idosas, com 179,6 mil. Embora o número de denúncias de mulheres tenha apresentado uma leve redução de 2,9%, elas ainda representam uma parcela significativa das vítimas.

Os estados que lideram o ranking de denúncias são São Paulo, com 174,6 mil, seguido do Rio de Janeiro, com 83,1 mil, e Minas Gerais, com 72,8 mil. Esses estados também concentram os maiores números de violações de direitos humanos, com 1,17 milhão, 562,1 mil e 490,6 mil, respectivamente.

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Em 2024, o perfil dos agressores apresentou uma mudança significativa. As mulheres passaram a liderar o gênero dos suspeitos de agressão, totalizando 283,1 mil casos, um aumento de 28,8% em relação ao ano anterior. A maioria dos agressores é branca (172,9 mil) e tem entre 30 e 34 anos (65,8 mil).

Os principais suspeitos de cometer agressões são, em sua maioria, parentes de primeiro grau da vítima, incluindo mães (160,8 mil), filhos ou filhas (108,8 mil) e pais (49,2 mil). Essa relação familiar entre vítimas e agressores é um aspecto alarmante que merece atenção.

As violações mais recorrentes incluem a integridade por negligência, que teve um aumento de 45,2% no número de denúncias, passando de 319,6 mil para 464,3 mil ocorrências. Em seguida, a tortura psíquica (389,3 mil) e a integridade física com exposição a riscos à saúde (368,7 mil) também registraram aumentos significativos, de 35% e 30,5%, respectivamente.

Para 2025, o Disque 100 planeja a implementação de uma nova central de atendimento, que contará com monitoramento contínuo das denúncias e capacitação regular dos atendentes. A mudança visa melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e a eficiência no atendimento às vítimas. “O foco será no livre relato da vítima, possibilitando a captação do maior número de informações em menor tempo”, afirma Franciely Loyze.

Além disso, estão sendo firmados acordos de cooperação técnica para capacitar os pontos focais em cada estado, com o objetivo de aprimorar o fluxo de encaminhamento das denúncias. Dois novos protocolos de atendimento também serão implementados, um voltado para pessoas com deficiência e outro para idosos vítimas de crimes patrimoniais e financeiros.

As violações de direitos humanos podem ser denunciadas por diversas plataformas, incluindo o Disque 100, WhatsApp e Telegram. As denúncias são encaminhadas aos órgãos de proteção e apuração, como conselhos estaduais e delegacias. “Nós encaminhamos as denúncias e fazemos o acompanhamento após elas saírem da central do Disque 100”, explica Franciely Loyze.

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