Amichai Chikli afirma que investigação contra soldado israelense é uma desgraça para o Brasil e acusa governo de perseguição.
06 de Janeiro de 2025 às 20h04

Ministro de Israel critica Lula e Judiciário por apoio a terroristas em investigação

Amichai Chikli afirma que investigação contra soldado israelense é uma desgraça para o Brasil e acusa governo de perseguição.

O ministro de Assuntos da Diáspora e Combate ao Antissemitismo de Israel, Amichai Chikli, fez duras críticas ao governo brasileiro, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, em uma carta enviada ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O documento, divulgado no último domingo, 5, expressa indignação com a ordem da Justiça brasileira para investigar um soldado israelense que estava de férias no Brasil.

Na carta, Chikli descreve a investigação como “uma desgraça para o governo brasileiro”, alegando que o Judiciário atua com o apoio do presidente Lula em favor de terroristas. O soldado em questão, Yuval Vagdani, é acusado pela Fundação Hind Rajab, uma entidade pró-Palestina, de ter cometido crimes de guerra na Faixa de Gaza.

“O fato de que o Judiciário brasileiro, com apoio do presidente Lula, se envolva com indivíduos com visões tão extremas – especialmente enquanto nos aproximamos do 80º aniversário da libertação de Auschwitz – é uma vergonha para o povo brasileiro”, disse Chikli, referindo-se à gravidade da situação.

A menção à Fundação Hind Rajab, que se autodenomina defensora dos direitos humanos, é uma crítica direta à organização, que Chikli acusa de apoiar o terrorismo. Ele afirma que pesquisas realizadas por seu ministério revelaram que os líderes da HRF têm apoiado consistentemente grupos como o Hezbollah e o Hamas, que buscam a destruição de Israel.

O soldado Vagdani estava de férias na praia de Morro de São Paulo, na Bahia, e deixou o Brasil rapidamente após a abertura da investigação, com o auxílio do governo israelense. A Justiça Federal brasileira ordenou a apuração dos fatos em 30 de dezembro, e o despacho foi emitido em 3 de janeiro, encaminhando o material à Polícia Federal.

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Chikli também expressou confiança de que a maioria dos brasileiros se opõe às ações do governo Lula, afirmando que essas atitudes “mancharão para sempre a história orgulhosa da nação”. O ministro considera o povo brasileiro um aliado na luta global contra o terrorismo e o antissemitismo.

Em meio à repercussão do caso, o Ministério das Relações Exteriores de Israel emitiu um alerta aos cidadãos israelenses sobre publicações em redes sociais, afirmando que “elementos anti-israelenses podem explorar essas publicações para iniciar procedimentos legais infundados”.

A investigação contra Vagdani foi iniciada a partir de uma denúncia da HRF, que se baseou no princípio da “jurisdição universal”, permitindo que crimes graves sejam julgados em qualquer lugar. A entidade reuniu um dossiê com evidências, incluindo vídeos e fotografias, para sustentar suas alegações.

Após a denúncia, Israel ajudou o soldado a deixar o Brasil e seguir para a Argentina. A Embaixada de Israel em Brasília afirmou que manteve contato com Vagdani sobre o processo de retorno, mas destacou que a decisão de deixar o país foi dele.

A HRF, criada por um grupo de advogados e juristas, visa denunciar soldados israelenses em outros países para que sejam condenados por crimes de guerra. As ações da HRF ocorrem paralelamente a processos maiores contra Israel, incluindo um na Corte Internacional de Justiça e outro no Tribunal Penal Internacional, que investigam acusações de genocídio em Gaza.

Segundo o jornal francês Le Figaro, ações semelhantes contra soldados israelenses foram realizadas na Europa, onde pelo menos três militares que estavam de férias em países como Chipre, Eslovênia e Holanda retornaram a Israel por recomendação dos serviços de inteligência israelenses.

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