Militar, alvo de acusações de crimes de guerra, é apoiado por Israel e critica uso político da Justiça no caso
05 de Janeiro de 2025 às 20h02

Soldado israelense deixa o Brasil após investigação da Justiça brasileira

Militar, alvo de acusações de crimes de guerra, é apoiado por Israel e critica uso político da Justiça no caso

Um soldado das Forças de Defesa de Israel (FDI) deixou o Brasil neste domingo (5/1), após a Justiça brasileira determinar a abertura de uma investigação contra ele, sob a acusação de envolvimento em crimes de guerra na Faixa de Gaza. O militar, que estava em férias no país, foi alertado por autoridades israelenses sobre a situação e decidiu retornar imediatamente.

De acordo com informações divulgadas pela mídia israelense, a família do soldado confirmou que ele deixou o Brasil poucas horas após a notícia da investigação se tornar pública. Um amigo que acompanhava o militar recebeu uma mensagem de uma representação diplomática de Israel, informando sobre a emissão de um mandado de prisão contra ele.

O soldado em questão foi identificado pela Fundação Hind Rajab (HRF), uma organização que atua internacionalmente denunciando supostos crimes contra palestinos. Segundo a HRF, o militar teria participado da demolição de um bairro residencial na Faixa de Gaza em novembro de 2024, em uma ação que, segundo a entidade, ocorreu fora de uma situação de combate.

A juíza federal Raquel Soares Charelli, da Seção Judiciária do Distrito Federal, acatou o pedido da HRF e determinou que a Polícia Federal (PF) investigasse o soldado. A HRF chegou a solicitar um pedido de prisão provisória, temendo que o militar deixasse o país antes que as diligências fossem realizadas.

O caso gerou reações em Israel, onde o líder da oposição, Yair Lapid, criticou a falta de proteção aos soldados israelenses que viajam ao exterior. Lapid responsabilizou o governo israelense pela situação, destacando a necessidade de garantir a segurança de seus cidadãos fora do país.

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A Embaixada de Israel em Brasília também se manifestou sobre a investigação, afirmando que o país está exercendo seu direito à autodefesa após o ataque brutal do Hamas em 7 de outubro de 2023. Em nota, a embaixada ressaltou que todas as operações militares em Gaza são conduzidas em conformidade com o direito internacional e que os verdadeiros perpetradores de crimes de guerra são as organizações terroristas que utilizam civis como escudos humanos.

A HRF, que apresentou a queixa contra o soldado, é liderada por figuras controversas que têm histórico de apoio a grupos terroristas como Hamas e Hezbollah. Dyab Abou Jahjah, presidente da HRF, e Karim Hassoun, outro líder da organização, são conhecidos por suas declarações polêmicas e por defender abertamente a causa palestina, muitas vezes utilizando retórica que deslegitima o Estado de Israel.

Organizações que apoiam Israel, como a StandWithUs Brasil, questionaram a credibilidade da HRF, afirmando que a fundação busca explorar o sistema jurídico brasileiro para promover narrativas anti-Israel. A StandWithUs destacou que as alegações da HRF carecem de evidências concretas e que o Ministério Público Federal considerou insuficientes as provas apresentadas para estabelecer qualquer conexão entre o soldado e os crimes imputados.

O soldado, que sobreviveu ao ataque terrorista do Hamas em um festival de música em outubro de 2023, deixou o Brasil antes da decisão judicial que determinou a investigação. Sua saída foi planejada e ocorreu sem que houvesse um mandado de prisão emitido contra ele.

O caso levanta questões sobre o uso político da Justiça brasileira em situações que envolvem cidadãos estrangeiros e a necessidade de um debate mais profundo sobre a legitimidade das denúncias apresentadas por organizações que têm vínculos com grupos extremistas. A situação do soldado israelense, que se viu no meio de um conflito geopolítico complexo, exemplifica os desafios enfrentados por indivíduos em situações semelhantes.

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