ONU revela que Irã executou mais de 900 pessoas em 2024, incluindo 31 mulheres
O número de execuções no Irã atingiu 901 em 2024, com aumento significativo de mulheres entre as vítimas, segundo a ONU.
O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) divulgou um relatório alarmante, revelando que o Irã executou pelo menos 901 pessoas em 2024. Entre as vítimas, 31 eram mulheres, muitas das quais foram condenadas por crimes relacionados à violência doméstica e outras circunstâncias extremas.
O alto comissário da ONU para os direitos humanos, Volker Türk, expressou sua preocupação com o aumento contínuo das execuções no país. “É profundamente perturbador que, mais uma vez, vejamos um aumento no número de pessoas sujeitas à pena de morte no Irã ano após ano. Já é hora de o Irã conter essa onda crescente de execuções”, afirmou Türk em um comunicado.
A maioria das execuções no Irã está relacionada a crimes de drogas, mas o relatório também destaca que dissidentes políticos e indivíduos associados aos protestos em massa de 2022 foram alvos do regime. Esses protestos foram desencadeados pela morte de Mahsa Amini, uma mulher de 22 anos que morreu sob custódia policial após ser presa por supostamente desrespeitar o código de vestimenta do país.
O número de execuções em 2024 representa um aumento em relação aos 853 casos registrados em 2023, marcando o total mais alto desde 2015, quando 972 pessoas foram executadas. O regime iraniano é considerado um dos mais ativos em termos de aplicação da pena de morte, segundo organizações de direitos humanos, como a Anistia Internacional.
Além das mulheres executadas, o relatório da ONU indica que muitas delas foram vítimas de violência doméstica ou forçadas a se casar, e algumas cometeram crimes em um contexto de desespero. Liz Throssell, porta-voz do ACNUDH, mencionou que “a maioria dos casos envolveu acusações de assassinato, e um número significativo de mulheres foi vítima de violência doméstica, casamento infantil ou casamento forçado”.
Uma das mulheres executadas havia matado o marido para proteger sua filha de um possível estupro, exemplificando a gravidade das circunstâncias que levam a tais tragédias.
O regime iraniano, sob a liderança do aiatolá Ali Khamenei, é acusado de usar a pena de morte como um instrumento de intimidação e controle social, especialmente após os tumultos de 2022. Os críticos afirmam que essa prática visa manter o medo na população e silenciar qualquer forma de oposição.
O silêncio da comunidade internacional em relação a essas execuções tem sido notado, com alguns países, incluindo o Brasil, optando por se abster de condenar as ações do Irã em fóruns internacionais. A delegação brasileira na ONU, por exemplo, se absteve de apoiar resoluções que condenavam o regime iraniano, justificando a necessidade de um “diálogo construtivo”.
O aumento das execuções e a situação dos direitos humanos no Irã continuam a ser uma preocupação crescente para ativistas e organizações internacionais. O apelo da ONU para que o Irã suspenda todas as execuções e implemente uma moratória sobre a pena de morte foi reiterado, com a esperança de que um dia essa prática seja abolida.
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