Dólar avança com cautela externa e cenário fiscal interno instável
A valorização do dólar é impulsionada pela retórica protecionista de Donald Trump e dados da produção industrial no Brasil.
Nesta quarta-feira, 8, o dólar à vista registrou uma valorização, acompanhando a tendência externa da moeda norte-americana e o aumento nos rendimentos dos Treasuries, influenciado pela retórica protecionista do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
Fontes próximas ao assunto relataram que Trump está considerando declarar uma emergência econômica nacional, o que lhe permitiria justificar legalmente a implementação de um amplo pacote de tarifas sobre países aliados e adversários, conforme informações divulgadas pela CNN.
No cenário interno, os investidores estão avaliando os dados da produção industrial, que apresentou uma queda de 0,6% em novembro em comparação a outubro, conforme esperado. Essa informação gera um clima de cautela entre os operadores do mercado.
Além disso, persiste um desconforto em relação ao cenário fiscal do Brasil, exacerbado pela falta de informações sobre novas medidas de corte de gastos que estariam sendo elaboradas pela equipe econômica do governo.
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, destacou a necessidade urgente de intensificar as comunicações ao mercado nos primeiros meses deste ano. Ele enfatizou que o Executivo continua comprometido com a meta fiscal e o equilíbrio das contas públicas.
“Por conta dos ruídos, o governo precisa comunicar, nesses próximos meses, as medidas de continuidade da agenda econômica. O que a gente precisa agora, no início deste ano, é dar sinais claros de que vamos continuar perseguindo o déficit zero e a agenda do ajuste fiscal. Com isso, a gente vai ter uma rearrumação no mercado”, avaliou Costa Filho.
Em 2024, a caderneta de poupança registrou saques líquidos de R$ 15,467 bilhões, a menor retirada dos últimos quatro anos, segundo dados do Banco Central. Os depósitos totalizaram R$ 4,197 trilhões, enquanto os saques somaram R$ 4,213 trilhões. Em dezembro, houve uma captação líquida de R$ 4,960 bilhões, com os depósitos superando os saques. O rendimento anual foi de R$ 64,284 bilhões, elevando o saldo final para R$ 1,032 trilhão, o maior desde 2020.
A XP Investimentos revisou suas estimativas para a taxa Selic ao final do ciclo de aperto monetário, aumentando a previsão de 15% para 15,50%. As projeções para a taxa de câmbio em 2025 também foram ajustadas, passando de R$ 5,85 para R$ 6,20, e para 2026, de R$ 6,00 para R$ 6,40.
Às 9h35, o dólar à vista subia 0,64%, cotado a R$ 6,1419, enquanto o dólar futuro para fevereiro apresentava uma alta de 0,62%, alcançando R$ 6,1680.
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