China realiza transplante de fígado de porco geneticamente editado em paciente com morte cerebral
Procedimento inédito marca avanço na xenotransplantação e oferece nova esperança para pacientes com doenças hepáticas.
Na última terça-feira, 7 de janeiro de 2025, médicos do Hospital Xijing da Universidade de Medicina Militar da Força Aérea da China realizaram a primeira cirurgia de transplante de fígado de porco geneticamente editado em um paciente com morte cerebral, na cidade de Xi'an, na província de Shaanxi. O procedimento, que durou mais de 10 horas, resultou na substituição completa do fígado humano por um fígado de porco editado por gene.
A cirurgia foi liderada pelo acadêmico Dou Kefeng, membro da Academia Chinesa de Ciências, e contou com a colaboração de mais de 10 equipes de especialistas da instituição. Este feito é um desdobramento do sucesso anterior do hospital, que já havia realizado um transplante auxiliar de fígado utilizando um porco geneticamente editado em um paciente em estado de morte cerebral no ano passado.
O estudo clínico foi aprovado por diversas comissões, incluindo a de ética médica e a de transplante de órgãos, e atende aos requisitos internacionais para xenotransplantação. O procedimento envolveu várias etapas, como a coleta do fígado do porco doador, a remoção do fígado original do paciente e a implantação do novo órgão, além da reconstrução dos vasos sanguíneos e fechamento da cavidade abdominal.
Após a abertura do fluxo sanguíneo para o fígado transplantado, o órgão apresentou boa perfusão e começou a produzir bile. Até o momento, os sinais vitais do paciente permanecem estáveis, e a função hepática, assim como outros indicadores, estão gradualmente se estabilizando, o que indica o sucesso da cirurgia.
Segundo Dou, esta cirurgia representa a primeira tentativa no mundo de remover o fígado do receptor e substituí-lo por um fígado de porco, permitindo a observação das mudanças na função do fígado transplantado e nos sinais vitais do paciente. Os resultados iniciais sugerem que os fígados de porco geneticamente editados podem potencialmente substituir fígados humanos nas fases iniciais após o transplante.
Este avanço é considerado um marco na área de xenotransplantação e um passo crucial para a aplicação clínica desse tipo de transplante, oferecendo uma base teórica e suporte técnico para futuras aplicações clínicas. Na China, cerca de 400 milhões de pessoas sofrem de doenças hepáticas, com mais de 7 milhões diagnosticadas com cirrose. Anualmente, entre 300 mil a 500 mil novos casos de insuficiência hepática são registrados, e muitos pacientes não conseguem esperar por um doador humano, conforme indicado no comunicado do hospital.
A xenotransplantação de fígado não é limitada pela disponibilidade de órgãos doadores, o que pode beneficiar um número maior de pacientes com doenças hepáticas em estágio terminal e, potencialmente, substituir os transplantes de fígado alogênicos no futuro, segundo especialistas.
Veja também: