Tamanho da pista do aeroporto de Ubatuba é insuficiente para modelo de aeronave acidentada
Cessna Citation 525 CJ1 requer pelo menos 838 metros para pouso seguro; pista disponível tinha apenas 560 metros
O acidente aéreo ocorrido no aeroporto de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, na manhã desta quinta-feira, 9, expôs a inadequação do tamanho da pista para o modelo de aeronave envolvido. O jato executivo Cessna Citation 525 CJ1, que se acidentou, necessita de pelo menos 838 metros de pista para um pouso seguro em condições de pista molhada, enquanto a cabeceira utilizada apresentava apenas 560 metros disponíveis.
O piloto da aeronave, identificado como Paulo Seghetto, natural de Goiânia (GO), não sobreviveu ao acidente, que também deixou quatro passageiros feridos. Eles foram rapidamente resgatados e encaminhados a hospitais da região. A aeronave ultrapassou os limites da pista, atingindo a praia do Cruzeiro e explodindo em seguida.
De acordo com informações técnicas, a pista do aeroporto de Ubatuba possui um total de 940 metros, mas a área utilizável na direção do mar é significativamente reduzida devido a um recuo de 380 metros, resultando em apenas 560 metros operacionais. Essa limitação pode ter sido um fator crucial para o desfecho trágico do acidente.
O especialista em aviação Lito Sousa destacou que “as características do aeroporto de Ubatuba e a extensão da pista podem ter contribuído para o acidente”. Ele enfatizou que, sob condições meteorológicas adversas, como chuva e pista molhada, a necessidade de uma pista mais longa se torna ainda mais crítica.
O manual da aeronave especifica que, em condições de pista molhada, a faixa de pouso operacional deve ser de pelo menos 838 metros, podendo chegar a 1.097 metros dependendo do peso da aeronave. A pista de Ubatuba, portanto, não atende a essa exigência, o que levanta preocupações sobre a segurança das operações aéreas no local.
A concessionária responsável pelo aeroporto informou que as condições climáticas no momento do pouso eram “degradadas”, com chuva e visibilidade reduzida. Além disso, o aeroporto de Ubatuba é classificado como não controlado, o que significa que não há torre de controle de tráfego aéreo, deixando a responsabilidade do planejamento e execução do voo totalmente a cargo do piloto.
Após o acidente, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) foi acionado para investigar as causas do incidente. As investigações incluirão a análise das condições meteorológicas, o estado da pista, o peso da aeronave e a decisão do piloto em pousar em um local com infraestrutura limitada.
Especialistas alertam que fatores como temperatura, pressão atmosférica, ventos e estado da pista influenciam diretamente na capacidade de frenagem e no espaço necessário para um pouso seguro. O acidente em Ubatuba é um lembrete da importância de se respeitar as especificações técnicas de cada aeronave e as condições operacionais dos aeroportos.
O modelo Cessna Citation 525 CJ1, que se acidentou, é considerado seguro e é amplamente utilizado para viagens curtas, especialmente por produtores rurais. No entanto, a segurança de suas operações depende diretamente das condições da pista e do cumprimento das recomendações de pouso.
As circunstâncias que levaram à escolha da pista mais curta em vez da cabeceira com maior extensão ainda estão sendo investigadas. A análise dos dados preliminares sugere que a falta de controle de tráfego aéreo e as condições climáticas adversas podem ter influenciado a decisão do piloto.
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