Braga Netto solicita devolução de eletrônicos apreendidos na investigação do golpe
Defesa do general argumenta que conteúdo dos dispositivos já foi utilizado em relatório final da investigação
A defesa do general Walter Braga Netto protocolou um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira, 15, solicitando a devolução de dispositivos eletrônicos apreendidos pela Polícia Federal (PF) durante a investigação sobre uma tentativa de golpe de Estado. Os itens, que incluem celulares, computadores e pendrives, foram confiscados em quatro endereços relacionados ao ex-ministro do governo Jair Bolsonaro durante a Operação Tempus Veritatis, deflagrada em 8 de fevereiro de 2024.
Os advogados de Braga Netto argumentam que o conteúdo dos aparelhos já foi extraído e utilizado na elaboração do relatório final da investigação, que resultou no indiciamento do militar. “A manutenção dos aparelhos e mídias apreendidos não mais interessa ao processo, permitindo sua restituição”, afirmaram os defensores.
Braga Netto, que está preso preventivamente desde 14 de dezembro de 2024, é acusado de articular ações golpistas e de tentar acessar informações sigilosas da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. A PF sustenta que a liberdade do general poderia representar risco à ordem pública, dado seu potencial de interferir nas investigações.
Considerado uma figura central no planejamento do golpe que visava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Braga Netto teria como objetivo manter Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições presidenciais de 2022. A defesa do general nega qualquer envolvimento dele na organização do ato criminoso.
De acordo com a investigação, o suposto plano golpista incluía a prisão de ministros do STF, além do assassinato de Lula, de seu vice, Geraldo Alckmin, e do ministro do STF, Alexandre de Moraes. A PF alega que Braga Netto não apenas tinha conhecimento do plano, mas também financiava os agentes golpistas que executariam a operação.
A prisão preventiva de Braga Netto ocorreu em sua residência, localizada no bairro de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. A PF justificou a detenção com base no risco à ordem pública, considerando o poder de influência do general e sua suposta capacidade de realizar novos atos obstrutivos.
Os itens apreendidos desempenharam um papel crucial na elucidação das articulações políticas que teriam sido conduzidas pelo ex-ministro e outros aliados de Bolsonaro. No entanto, a defesa argumenta que os dispositivos perderam relevância no decorrer do processo, uma vez que todo o conteúdo já foi analisado pelas autoridades competentes.
Até o momento, o ministro Alexandre de Moraes, que é responsável pelo caso no STF, não se manifestou sobre o pedido de devolução dos eletrônicos.
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