Evo Morales é alvo de mandado de prisão por suposto tráfico de menor na Bolívia
Um juiz boliviano determinou a prisão do ex-presidente Evo Morales após sua ausência em audiência sobre o caso.
Um juiz da Bolívia emitiu um mandado de prisão contra o ex-presidente Evo Morales, que ocupou o cargo de 2006 a 2019, após ele não comparecer pela segunda vez a uma audiência que visava avaliar a possibilidade de sua detenção preventiva em um caso de tráfico de uma menor.
Durante a audiência realizada na última sexta-feira (17), o juiz Nelson Rocabado, atuando na cidade de Tarija, no sul do país, declarou: “Determina-se (que) um mandado de prisão seja emitido contra o acusado (Evo Morales)”. A sessão foi transmitida ao vivo pelo canal estatal Bolivia TV.
O Ministério Público boliviano formalizou a acusação contra Morales, alegando que ele estaria envolvido em um esquema de tráfico de pessoas. Em outubro de 2024, já havia sido solicitado um mandado de prisão para o ex-presidente durante a fase de investigação, além de uma convocação para que ele prestasse depoimento.
Na audiência, o juiz Rocabado classificou Morales, que é um líder do movimento cocalero, como “rebelde” e anunciou que o julgamento seria suspenso até que o ex-presidente se apresentasse às autoridades. A promotora Sandra Gutiérrez, responsável pelo caso, confirmou a declaração do juiz à imprensa.
As investigações apontam que Morales teria iniciado um relacionamento com uma jovem de 15 anos em 2015, durante seu mandato presidencial. Os pais da menor teriam consentido a união em troca de benefícios, e o relacionamento resultou no nascimento de uma filha um ano depois.
De acordo com a apuração, os pais da menor inscreveram-na na “guarda juvenil” de Morales com o objetivo de ascender politicamente e obter vantagens em troca de sua filha. Essa situação levanta questões sobre a dinâmica de poder e as relações entre figuras políticas e cidadãos comuns na Bolívia.
Embora o ex-presidente de 65 anos tenha negado anteriormente as acusações, afirmando que se baseiam em investigações de 2020 que o acusavam de “estupro” — um crime que implica relações sexuais com menores de 14 a 18 anos —, o foco atual do Ministério Público é o suposto tráfico de pessoas. Este crime pode acarretar uma pena de 10 a 15 anos de prisão, conforme indicado pela promotora Gutiérrez.
A situação de Evo Morales, primeiro presidente indígena da Bolívia, tem gerado uma série de reações tanto no país quanto no exterior, refletindo a polarização política que caracteriza a nação andina. Morales, que se exilou em vários países após deixar a presidência, retornou à Bolívia em 2020 e continua a ser uma figura influente na política local.
O desdobramento deste caso poderá impactar significativamente a trajetória política de Morales e a percepção pública sobre sua figura, especialmente considerando seu histórico como defensor dos direitos dos indígenas e das classes marginalizadas no país.
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