Bolsonaro expressa constrangimento por não ir à posse de Trump; Michelle fala em medo
Ex-presidente lamenta decisão do ministro Alexandre de Moraes e espera apoio de Trump para reverter inelegibilidade.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) manifestou seu constrangimento neste sábado, 18, ao não poder comparecer à cerimônia de posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, marcada para a próxima segunda-feira, 20. A impossibilidade de viajar se deve à retenção de seu passaporte, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Bolsonaro acompanhou sua esposa, Michelle Bolsonaro, até o Aeroporto Internacional de Brasília, onde ela embarcou para representar o ex-presidente no evento. Durante a despedida, o ex-chefe do Executivo expressou sua frustração, afirmando: “Estou constrangido”.
Em declarações à imprensa, o ex-presidente criticou a decisão de Moraes, sem mencioná-lo diretamente, e afirmou que enfrenta uma “enorme perseguição política”. Ele destacou que a situação atual é uma afronta à democracia brasileira e que espera que Trump possa intervir em sua inelegibilidade no Brasil.
“Se ele me convidou, tem certeza de que pode colaborar com a democracia do Brasil, afastando inelegibilidades políticas, como as que enfrento”, disse Bolsonaro, referindo-se ao convite que teria recebido para a posse.
O ex-presidente também comentou sobre a decisão do STF que o impede de viajar, ressaltando que não possui condenações judiciais que justifiquem tal restrição. “Lamentavelmente, não pude comparecer a esse evento nos Estados Unidos sem ter uma condenação sequer”, lamentou.
Bolsonaro criticou a atuação de Moraes, afirmando que o ministro “decide a vida de milhões de pessoas no Brasil” e que sua decisão é um reflexo de uma tentativa de eliminar a direita no país. “Não pode uma pessoa no Supremo Tribunal Federal ser o dono da verdade e decidir o que faz com a vida de quem quer que seja”, enfatizou.
A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, também se manifestou sobre a situação do marido, afirmando que ele é alvo de uma perseguição política. “Deus vai ter misericórdia da nossa nação. Meu marido está sendo perseguido. Eles têm um certo medinho dele”, declarou, referindo-se ao temor que, segundo ela, seus adversários têm em relação ao ex-presidente.
Além de Michelle, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, também fará parte da comitiva que viajará aos Estados Unidos para a posse de Trump. Bolsonaro lamentou não poder estar ao lado da família nesse momento, afirmando que gostaria de acompanhar a esposa na cerimônia.
A decisão de Moraes, que negou a devolução do passaporte de Bolsonaro, foi justificada pelo ministro com base no risco de evasão do ex-presidente. Moraes argumentou que Bolsonaro já havia manifestado publicamente seu apoio à fuga de condenados e que sua presença nos Estados Unidos poderia representar uma tentativa de se furtar à aplicação da lei penal.
Bolsonaro, que já teve seu pedido de devolução do passaporte negado em outras ocasiões, continua a enfrentar investigações que o envolvem em supostos crimes, incluindo a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. A situação atual levanta preocupações sobre a liberdade de expressão e a atuação do Judiciário no Brasil.
Com a negativa do passaporte, o ex-presidente se vê impossibilitado de participar de eventos internacionais, o que pode impactar sua imagem política e sua relação com aliados no exterior. A expectativa agora recai sobre a repercussão de sua ausência na posse de Trump e as possíveis consequências para sua carreira política no Brasil.
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