Guitarrista do Angra elabora laudo que aponta plágio de Adele em música brasileira
Rafael Bittencourt, do Angra, é convocado para comprovar plágio da canção Mulheres em A Million Years Ago
O guitarrista da banda Angra, Rafael Bittencourt, está elaborando um laudo técnico que poderá servir como evidência em um processo de plágio movido pelo compositor brasileiro Toninho Geraes contra a cantora britânica Adele. A acusação gira em torno da canção Million Years Ago, lançada em 2015 no álbum 25, que, segundo Geraes, teria plagiado sua famosa composição Mulheres.
O advogado de Toninho, Fredímio Biasotto Trotta, informou que o laudo está em fase de finalização e foi encomendado devido à formação acadêmica de Bittencourt em composição e arranjo, o que confere maior credibilidade ao documento. “Neste processo, a obra original e a questionada são analisadas em profundidade, buscando as similaridades explícitas e as mascaradas”, explicou o advogado.
Em declarações ao jornal O Globo, Bittencourt afirmou que “as duas obras podem ser executadas simultaneamente sem cacofonia, sem macular a harmonia, a ideia rítmica ou a melodia”, o que indicaria um possível plágio. Ele também ressaltou que não acredita que Adele tenha agido de má-fé, sugerindo que a artista e seu produtor Greg Kurstin podem ter ouvido Mulheres tantas vezes que, ao compor Million Years Ago, não perceberam a semelhança.
A defesa de Adele, juntamente com a Universal Music Publishing, sua editora no Brasil, refutou as alegações de plágio, argumentando que as semelhanças entre as músicas são resultantes de um clichê musical, a progressão de acordes pelo círculo de quintas, uma técnica utilizada na música desde o período barroco, com exemplos em obras de compositores como Vivaldi e Bach.
Contudo, o advogado de Toninho, que também é músico, contestou essa defesa, afirmando que as músicas “não estão em sequência de quintas, como alega a Universal, mas em quartas ascendentes. E só os quatro primeiros acordes são semelhantes; os restantes seguem padrões diferentes”. Ele ainda destacou que a dupla Kurstin e Adele adaptou a melodia e a harmonia de forma a se aproximar da interpretação de Martinho da Vila, que também gravou Mulheres.
Enquanto o processo avança, a defesa de Toninho Geraes conseguiu uma liminar na Justiça que solicita a retirada da música de Adele das plataformas digitais. No entanto, essa remoção ainda não foi efetivada.
Rafael Bittencourt, além de seu trabalho no laudo, já foi vítima de plágio em sua carreira. Ele mencionou que a canção Stand Away, do álbum Angels Cry do Angra, foi copiada por duas bandas de forró, o que lhe confere uma perspectiva pessoal sobre o tema.
A situação gerou um debate sobre a originalidade na música e a linha tênue entre inspiração e plágio, especialmente em um mercado onde a influência de diferentes gêneros é comum. A expectativa agora recai sobre o laudo de Bittencourt e as próximas etapas do processo judicial.
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