
Mulher acusada de envenenar crianças no Piauí é solta após laudo pericial
Lucélia Maria da Conceição Silva, de 52 anos, obteve liberdade provisória após laudo descartar veneno nas frutas oferecidas às vítimas.
A Justiça do Piauí concedeu liberdade provisória a Lucélia Maria da Conceição Silva, de 52 anos, acusada de envenenar os irmãos Ulisses e João Miguel Silva, de 8 e 7 anos, respectivamente, em Parnaíba. A decisão foi tomada após um laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) descartar a presença de veneno nos cajus que teriam sido oferecidos pela mulher às crianças.
Lucélia estava presa desde agosto de 2024, quando os meninos faleceram após ingerirem os cajus. O laudo, divulgado no início deste mês, foi fundamental para que o Ministério Público solicitasse a revogação da prisão. A juíza Maria do Perpétuo Socorro Ivani Vasconcelos, da 1ª Vara Criminal de Parnaíba, acatou o pedido e determinou a soltura da acusada.
Os irmãos Silva, filhos de Francisca Maria, faleceram em agosto de 2024, o que inicialmente levou a polícia a acreditar que Lucélia era a responsável pelo envenenamento. No entanto, a análise pericial concluiu que não havia terbufós, uma substância tóxica, nas frutas consumidas pelas vítimas.
Com a nova evidência, a investigação se voltou para Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, padrasto da mãe das crianças, que foi preso recentemente e é agora considerado o principal suspeito. Ele teria envenenado um baião de dois, prato típico que inclui arroz e feijão, o que resultou na morte de quatro pessoas da família no início deste ano.


Lucélia, que passou cinco meses detida, sempre se declarou inocente e negou qualquer envolvimento no caso. Em entrevista, afirmou: “Nunca conheci esse homem, essa mulher, nem os meninos também”. Durante sua detenção, ela relatou ter sofrido ameaças de morte por parte de outras detentas, o que a levou a se manter reclusa na cela.
A mulher foi presa em flagrante no dia 23 de agosto de 2024, após os garotos serem hospitalizados. Na ocasião, moradores da região tentaram linchá-la, e sua casa foi depredada e incendiada. O advogado de Lucélia, Sammai Cavalcante, destacou que a acusada não foi inocentada, mas deve responder ao processo em liberdade.
O advogado também comentou sobre a nova fase da investigação, que reabriu o caso dos irmãos mortos em agosto e novembro de 2024. Ele argumentou que a presunção de inocência deve ser respeitada e que novos elementos levantados na investigação foram decisivos para a revisão do caso.
Com a soltura de Lucélia, a expectativa é que a Justiça analise a possibilidade de uma declaração de inocência para a acusada, além de um pedido de indenização pelos danos morais e materiais sofridos durante sua detenção.
O caso continua a ser investigado, e as autoridades estão atentas a novos desdobramentos, especialmente em relação ao envolvimento de Francisco de Assis Pereira da Costa nas mortes das crianças e no envenenamento de outros familiares.
Veja também: