Polícia encontra nota fiscal de arsênio em celular de mulher suspeita de envenenamento no RS
Deise Moura dos Anjos, presa por envenenar familiares, comprou arsênio pela internet, diz polícia.
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul confirmou a descoberta de uma nota fiscal de compra de arsênio no celular de Deise Moura dos Anjos, de 39 anos, suspeita de envenenar e causar a morte de quatro pessoas da própria família. O documento, que foi obtido pela RBS TV, apresenta o nome da investigada como destinatária e a identificação do produto como arsênio, uma substância altamente tóxica.
De acordo com as investigações, Deise teria adquirido o veneno pela internet em pelo menos quatro ocasiões ao longo de cinco meses. As compras foram realizadas com entregas feitas pelos Correios. O delegado Marcos Veloso, responsável pelo caso, afirmou em coletiva de imprensa que “hoje posso dizer com certeza que ela pesquisou, comprou, recebeu e usou o veneno para matar as vítimas”.
As mortes ocorreram em um evento familiar em Torres, na véspera de Natal, onde três mulheres, irmãs e sobrinha da sogra de Deise, consumiram um bolo que estava contaminado com arsênio. As vítimas foram identificadas como Maida Berenice Flores da Silva, Neuza Denize Silva dos Anjos e Tatiana Denize Silva dos Anjos. Apenas uma criança de dez anos que também comeu o bolo sobreviveu e recebeu alta hospitalar.
Além das mortes ocorridas em dezembro, Deise também é investigada pela morte de seu sogro, Paulo Luiz dos Anjos, que faleceu em setembro. Inicialmente, a causa de sua morte foi atribuída a complicações de uma infecção intestinal, mas exames posteriores revelaram a presença de arsênio em seu corpo. A polícia acredita que Deise pode ter envenenado o sogro ao adicionar a substância ao leite em pó que ele consumiu.
A defesa de Deise Moura dos Anjos, que está presa temporariamente desde o dia 5 de janeiro, afirmou que as declarações divulgadas pela polícia ainda não foram judicializadas e que aguardam a integralidade dos documentos e provas para análise. Os advogados da suspeita alegam que não tiveram acesso completo à investigação em andamento.
As investigações revelaram que Deise tinha um histórico de desentendimentos com sua sogra, Zeli Teresinha dos Anjos, que preparou o bolo envenenado. A polícia está apurando se a farinha utilizada na receita foi contaminada antes do evento, possivelmente durante uma visita de Deise à casa de sua sogra em novembro.
Durante a coletiva, a delegada Sabrina Deffente destacou que há “fortes indícios” de que Deise tenha praticado outros envenenamentos e não descarta a possibilidade de novas exumações para investigar mortes anteriores de pessoas próximas a ela. A polícia também encontrou no celular da suspeita buscas relacionadas a venenos e substâncias letais, o que reforça a suspeita de que ela planejava os envenenamentos.
O arsênio, que é um composto químico altamente tóxico, é proibido para venda no Brasil como raticida e seu uso como agente quimioterápico é restrito. A descoberta da nota fiscal e as investigações em andamento levantam questões sobre a segurança e a regulamentação da venda de substâncias perigosas pela internet.
O caso continua a ser investigado pela Polícia Civil, que busca esclarecer todos os detalhes e a dinâmica que levaram ao envenenamento das vítimas. A polícia também está atenta a possíveis outros casos de envenenamento que possam estar relacionados a Deise Moura dos Anjos.
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