Suspeita de envenenamento em bolo fez buscas no Google sobre arsênio
Deise Moura dos Anjos, presa por suspeita de triplo homicídio, pesquisou substância antes do crime em Torres, RS.
O caso de envenenamento que resultou na morte de três pessoas em Torres, no litoral norte do Rio Grande do Sul, ganhou novos desdobramentos com a revelação de que Deise Moura dos Anjos, a principal suspeita, realizou buscas na internet sobre arsênio, a substância que teria sido utilizada no preparo do bolo que causou as fatalidades. O incidente ocorreu no dia 23 de dezembro de 2024 e está sendo investigado pela Polícia Civil do Estado.
De acordo com informações divulgadas pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), as investigações apontaram que a mulher, que possui um histórico de desavenças com a sogra, fez pesquisas detalhadas sobre o veneno, incluindo termos como “arsênio” e similares, através do Google Shopping, plataforma que permite a comparação de preços e compra de produtos online.
Após consumir o bolo durante um café da tarde, as vítimas, que pertenciam à mesma família, apresentaram sintomas graves e faleceram. As irmãs Neuza Denise da Silva dos Anjos, de 65 anos, e Maida Berenice Flores da Silva, de 58 anos, além da filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Santos, de 43 anos, foram as vítimas fatais do incidente.
A diretora do Instituto-Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul, Marguet Mittman, informou que Deise é suspeita de triplo homicídio qualificado, com uso de veneno, e também de tentativa de homicídio contra outras pessoas que consumiram o bolo. A investigação revelou que a fonte de contaminação estava na farinha encontrada na residência da família.
Os exames realizados nas vítimas confirmaram a presença de “concentrações altíssimas de arsênio” em seus corpos, o que impossibilita a hipótese de contaminação natural. Os resultados dos testes de sangue, urina e conteúdo estomacal corroboraram a teoria de envenenamento.
A prisão de Deise foi mantida pelo tribunal, que determinou a validade da detenção por 30 dias, com possibilidade de prorrogação. Ela foi detida na noite do dia 5 de janeiro e, após audiência, retornou ao Presídio Feminino de Torres.
A defesa da acusada, composta pelos advogados Manuela Almeida, Vinícius Boniatti e Gabriela Souza, declarou que se manifestará em momento oportuno e que ainda não teve acesso integral à investigação em andamento.
O delegado Marcos Vinicius Muniz Veloso, que está à frente do caso, afirmou que a família das vítimas tinha uma convivência harmoniosa, mas que divergências antigas, supostamente causadas por uma única pessoa, podem ter motivado o crime. “Esta é uma investigação difícil, pois a convivência era muito harmoniosa, mas surgiram divergências que podem ter influenciado a situação”, explicou o delegado.
As investigações continuam, e a polícia busca esclarecer todos os detalhes do caso, que chocou a comunidade local. As autoridades já indicaram que a exumação do corpo do ex-marido da responsável pela preparação do bolo poderá ser solicitada, a fim de investigar as causas de sua morte, ocorrida em setembro, que pode estar relacionada ao contexto familiar conturbado.
O incidente gerou grande repercussão na região, levando a um aumento da preocupação sobre a segurança alimentar e a manipulação de alimentos. A população aguarda ansiosamente por mais informações sobre o andamento das investigações e as possíveis implicações legais para a acusada.
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