Presidente do Panamá rebate Trump e afirma que canal não é presente dos EUA
José Raul Mulino, presidente do Panamá, defende a soberania do canal em resposta a declarações de Trump em Davos.
Durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, o presidente do Panamá, José Raul Mulino, fez declarações contundentes em resposta às ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retomar o controle do Canal do Panamá. Mulino afirmou que o canal "não é uma concessão nem um presente dos Estados Unidos" e que pertence ao Panamá.
“Rejeitamos na totalidade tudo o que o Sr. Trump disse. Primeiro porque é falso e segundo porque o Canal do Panamá pertence ao Panamá e continuará a pertencer ao Panamá”, declarou Mulino, enfatizando a soberania panamenha sobre a importante via interoceânica.
As declarações de Trump, feitas durante seu discurso de posse, incluíam a afirmação de que a China estaria "operando" o canal. “Nós não o demos à China, nós o demos ao Panamá e vamos tomá-lo de volta”, disse Trump, provocando a indignação de Mulino.
O presidente panamenho lembrou que o canal foi construído pelos Estados Unidos, mas foi entregue ao Panamá em 31 de dezembro de 1999, após tratados assinados pelo então presidente Jimmy Carter. “O Canal do Panamá não foi uma concessão de ninguém, mas o resultado de lutas populares”, ressaltou.
Mulino também comentou sobre a postura da China, que reiterou que nunca interferiu nos assuntos do canal. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou que o país “não participa da administração e da operação do canal”.
Em meio à tensão, Mulino se mostrou otimista e afirmou que "não está preocupado" e que o Panamá não se deixará distrair por esse tipo de declaração. “Não se pode passar por cima do direito internacional público para impor critérios”, disse, referindo-se à necessidade de respeitar as normas internacionais.
O presidente do Panamá também ressaltou que, apesar da crise gerada pelas declarações de Trump, existem oportunidades para trabalhar em outras questões de interesse mútuo com os Estados Unidos, como segurança e migração. “Temos um enorme problema de migração na fronteira com a Colômbia”, destacou.
O Canal do Panamá, inaugurado em 1914, continua sendo uma das principais rotas de comércio mundial, com os Estados Unidos e a China como seus maiores usuários. A discussão sobre o controle do canal é um tema sensível nas relações entre os países envolvidos.