Arábia Saudita planeja investir US$ 600 bilhões nos EUA durante governo Trump
Mohammed bin Salman afirmou que o reino busca oportunidades de parceria e comércio em telefonema com o presidente americano.
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, anunciou que o país tem a intenção de investir pelo menos US$ 600 bilhões nos Estados Unidos nos próximos quatro anos. A declaração foi feita durante uma conversa telefônica com o presidente Donald Trump, conforme divulgado pela agência de notícias estatal saudita, a Saudi Press Agency (SPA).
Durante a ligação, Bin Salman expressou que o reino está ansioso para explorar as oportunidades de parceria e investimento que podem surgir com as reformas planejadas pela nova administração americana. Ele destacou que essas mudanças poderiam resultar em uma “prosperidade econômica sem precedentes”.
A SPA não forneceu detalhes adicionais sobre quais reformas foram discutidas ou quais setores poderiam receber esses investimentos. Contudo, o compromisso anunciado é significativo, representando cerca de 55% do Produto Interno Bruto (PIB) da Arábia Saudita.
O anúncio ocorre em um contexto de desafios fiscais para o reino, que enfrenta déficits orçamentários devido a gastos elevados com o Vision 2030, um plano ambicioso do príncipe herdeiro para diversificar a economia saudita, que historicamente depende do petróleo. Os preços do petróleo, que caíram desde 2022, estão atualmente em torno de US$ 80 por barril, valor que está aproximadamente US$ 10 abaixo do necessário para equilibrar o orçamento, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Para fortalecer o Vision 2030, o fundo soberano da Arábia Saudita planeja aumentar os investimentos internos para US$ 70 bilhões anualmente a partir de 2026, com foco em áreas como inteligência artificial, veículos elétricos e turismo.
A relação entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita tem passado por mudanças nos últimos anos, especialmente com a diminuição das importações de petróleo saudita pelos americanos. No entanto, os fundos soberanos sauditas têm adquirido participações significativas em empresas americanas, além de direcionar investimentos para o setor esportivo nos EUA.
Os dois líderes, Trump e Bin Salman, mantiveram uma relação próxima durante o primeiro mandato de Trump, que incluiu uma visita do presidente saudita ao reino logo após assumir o cargo. Trump já mencionou anteriormente que estaria disposto a visitar a Arábia Saudita novamente, caso o país estivesse disposto a adquirir mais produtos americanos, como armamentos.
A Casa Branca não divulgou um comunicado oficial sobre a conversa entre Trump e o príncipe herdeiro, e não respondeu imediatamente a solicitações de comentários.
Além do investimento, a conversa também abordou a cooperação entre os dois países em questões de paz e estabilidade no Oriente Médio, bem como o combate ao terrorismo. No entanto, não foram mencionados detalhes sobre a normalização de relações diplomáticas com Israel, que estavam sendo discutidas antes do recente conflito em Gaza.
As mudanças geopolíticas no Oriente Médio têm sido rápidas, com a Arábia Saudita buscando fortalecer sua posição na região em meio a um cenário de incertezas, incluindo a degradação militar de seus rivais, como o Irã, e o recente colapso do regime de Bashar al-Assad na Síria.
Veja também: