Cantor sertanejo é investigado por furto de músicas e uso de IA em fraudes
Ronaldo Torres, de 46 anos, é alvo de investigações por publicar músicas de outros compositores e causar prejuízo milionário.
O cantor sertanejo Ronaldo Torres, de 46 anos, está sendo investigado por supostamente publicar músicas escritas por outros compositores em plataformas digitais, como o Spotify, gerando um prejuízo estimado em R$ 6 milhões. As denúncias contra ele foram apresentadas ao Ministério Público de Goiás (MPGO) por compositores que alegam terem suas obras furtadas.
De acordo com as informações divulgadas, a investigação teve início após compositores, incluindo o cantor e compositor Murilo Huff, procurarem o MPGO para relatar que Ronaldo publicava canções que haviam recebido como rascunhos, apresentando-as como se fossem de sua autoria. Durante as apurações, a polícia encontrou um disco rígido com quase 4 mil músicas em posse do cantor.
Além disso, as autoridades descobriram que Ronaldo utilizava inteligência artificial para criar capas de álbuns e gerenciar perfis falsos nas plataformas digitais, com o intuito de aumentar o número de reproduções de suas músicas. O esquema, conhecido como “Golpe do Spotify”, consistia em recriar as canções utilizando IA e manipular os dados de streaming para lucrar com os royalties.
Ronaldo Torres, que também é conhecido pelo nome artístico Alex Ronaldo, foi detido em 5 de dezembro de 2024, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Ele foi liberado e atualmente responde ao processo em liberdade. O cantor é alvo de 27 condutas de estelionato digital, que envolvem a utilização de robôs para simular reproduções e gerar ganhos financeiros a partir das músicas publicadas sem autorização.
O esquema de fraudes foi descrito como uma “fazenda de robôs”, onde mais de 30 milhões de players foram utilizados para aumentar artificialmente as visualizações das faixas. As músicas furtadas teriam acumulado cerca de 28 milhões de reproduções, o que representa um lucro significativo para o cantor.
Fabrício Lamas, promotor de Justiça do MPGO, destacou que a investigação começou a partir de uma reportagem que trouxe à tona as insatisfações de compositores que acreditavam que suas denúncias não teriam efeito. “Seria a primeira vez na história do planeta que se pegou uma fábrica de streamings funcionando”, afirmou Lamas.
As dificuldades enfrentadas pelas autoridades na investigação foram agravadas pelo uso de inteligência artificial nas canções furtadas. Contudo, o sistema MEDI (Materializador de Evidências Digitais e Informáticas) do MPGO tem auxiliado na coleta e validação de provas relacionadas a crimes cibernéticos.
Marcelo Borges, promotor de Justiça do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), explicou que o sistema é fundamental para a coleta de provas em ambientes digitais. A defesa de Ronaldo Torres declarou que ele está colaborando com as investigações e que reconhece ter cometido erros, expressando arrependimento pelo ocorrido.
Se condenado, o cantor pode enfrentar uma pena de até dez anos de prisão por suas ações no âmbito do Golpe do Spotify. A situação continua em desenvolvimento enquanto as investigações prosseguem.
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