Maior iceberg do mundo ameaça pinguins e focas em rota de colisão com ilha remota
Iceberg A23a, duas vezes maior que São Paulo, está a menos de 300 km da Geórgia do Sul, reduto da vida selvagem.
O iceberg A23a, considerado o maior do mundo, está em rota de colisão com a remota ilha britânica da Geórgia do Sul, o que pode colocar em risco a vida de milhares de pinguins e focas que habitam a região. Com uma área equivalente a duas vezes a cidade de São Paulo, o bloco de gelo avançou pelo Oceano Antártico e agora se encontra a menos de 300 km do território, que é um importante refúgio para a vida selvagem.
Autoridades e cientistas do Reino Unido expressam preocupação com a possibilidade de que o iceberg encalhe nas águas rasas da ilha, bloqueando os caminhos essenciais para que os pinguins consigam se alimentar. Historicamente, eventos semelhantes resultaram na morte de várias aves e focas, que não conseguiram acessar áreas de alimentação devido à presença de grandes blocos de gelo.
O capitão Simon Wallace, do navio Pharos, ligado ao governo da Geórgia do Sul, comentou sobre a situação: “Icebergs são inerentemente perigosos. Eu ficaria extremamente feliz se simplesmente não nos atingisse”. O iceberg A23a, que se desprendeu da Plataforma Filchner em 1986, ficou preso no fundo do Mar de Weddell por décadas até começar a se movimentar novamente em 2020.
Desde então, o A23a tem se deslocado em direção ao norte, onde encontrou águas mais quentes que começaram a derretê-lo. Com um tamanho inicial de 3.900 km², as últimas imagens de satélite indicam que sua área atual é de aproximadamente 3.500 km², o que ainda representa uma massa de gelo imensa.
A chegada do iceberg à Geórgia do Sul pode perturbar os padrões de alimentação de milhões de focas, pinguins e aves marinhas que dependem da região para sobreviver. O ecossistema local é conhecido por abrigar colônias de pinguins-rei e pinguins-imperador, além de elefantes-marinhos e lobos-marinhos.
Além dos riscos diretos à fauna local, os icebergs também desempenham um papel importante no meio ambiente. À medida que derretem, liberam nutrientes que são fundamentais para a vida marinha, ajudando a sustentar microrganismos oceânicos. No entanto, a presença de icebergs como o A23a representa um desafio crescente, especialmente em um cenário de mudanças climáticas, onde a frequência de tais eventos tem aumentado.
Pesquisadores monitoram de perto os movimentos do A23a através de imagens de satélite, na esperança de prever seu impacto. A situação é tensa, uma vez que a possibilidade de fragmentação do iceberg em grandes segmentos é real, o que poderia resultar em um fenômeno semelhante ao que ocorreu em 2004, quando o iceberg A38 encalhou e causou a morte de filhotes de pinguins e focas.
Os cientistas estão cientes de que a Geórgia do Sul está situada em uma região onde icebergs são comuns, e os impactos na pesca e na vida selvagem são esperados. Mark Belchier, ecologista marinho que assessora o governo da Geórgia do Sul, destaca que a região tem uma grande capacidade de adaptação, mas os efeitos de eventos como este ainda são imprevisíveis.
À medida que o iceberg A23a continua sua trajetória em direção à Geórgia do Sul, a expectativa é que ele se aproxime da ilha em um prazo de duas a quatro semanas. A comunidade científica e os pescadores locais permanecem em alerta, monitorando a situação de perto, na esperança de que o gigante de gelo não cause danos irreparáveis à vida selvagem da região.
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