Capitão da Rota é exonerado após suspeitas de ligação com o PCC em SP
Raphael Alves Mendonça, que atuava na segurança do prefeito, é investigado por vazar informações para a facção criminosa.
São Paulo — O capitão da Polícia Militar, Raphael Alves Mendonça, foi exonerado nesta quinta-feira (30) do cargo na assessoria policial militar do gabinete do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). A decisão ocorre em meio a investigações que apontam o policial como possível informante do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das facções criminosas mais poderosas do Brasil.
Mendonça, que ocupava a função de segurança pessoal do prefeito e sua família desde julho de 2024, é suspeito de ter vazado informações que teriam beneficiado líderes da facção. O capitão atuou na Rota, a Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar, entre janeiro de 2016 e setembro de 2022, período em que a infiltração do PCC na corporação é investigada.
As investigações da Corregedoria da Polícia Militar revelam que Mendonça tinha relações próximas com figuras proeminentes do PCC, como Silvio Luiz Ferreira, conhecido como Cebola, e Marcos Roberto Almeida, o Tuta, que era o principal líder da facção fora do sistema prisional. Os documentos indicam que o capitão mantinha “contato rotineiro” com policiais envolvidos no esquema de vazamento.
Além de sua atuação na segurança do prefeito, Mendonça também foi chefe da Agência de Inteligência da Rota e da Seção de Polícia Judiciária Militar e Disciplina (SPJMD). Ele foi promovido à patente de capitão durante sua gestão na SPJMD, mesmo com as suspeitas em relação a seus vínculos com o PCC.
De acordo com as investigações, Mendonça e pelo menos quatro subordinados teriam recebido pagamentos mensais de R$ 600 mil de traficantes do PCC em troca de informações sigilosas sobre operações policiais e movimentações de viaturas. A situação se agrava com o fato de que o capitão organizava confraternizações com esses policiais em sua residência.
Após sua saída da Rota em setembro de 2022, Mendonça foi transferido para o Comando de Policiamento de Choque, onde continuou a exercer funções relevantes dentro da corporação. Sua exoneração do cargo na assessoria do prefeito resultou na perda de uma gratificação mensal de R$ 7.560.
A Corregedoria da PM já havia realizado prisões de 17 policiais desde o início do ano, em investigações relacionadas à morte do delator do PCC, Vinícius Gritzbach. Embora Mendonça não esteja diretamente implicado nesse caso, sua exoneração faz parte de um contexto mais amplo de apurações sobre a infiltração do PCC nas forças de segurança pública.
A Prefeitura de São Paulo, por meio de nota, informou que a movimentação do capitão é de responsabilidade da Polícia Militar, e que a administração municipal está acompanhando as investigações de perto.
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