A nova avaliação da CIA surge após a confirmação de John Ratcliffe como diretor da agência no governo Trump.
26 de Janeiro de 2025 às 08h09

CIA altera posição e considera 'mais provável' origem da Covid em laboratório chinês

A nova avaliação da CIA surge após a confirmação de John Ratcliffe como diretor da agência no governo Trump.

A Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) anunciou neste sábado (25) uma mudança significativa em sua posição oficial sobre a origem do vírus da Covid-19. A agência agora acredita que é “mais provável” que o coronavírus tenha surgido de um laboratório na China, ao invés de ter sido transmitido por animais.

Essa nova avaliação foi divulgada apenas dois dias após a confirmação de John Ratcliffe como diretor da CIA no segundo governo de Donald Trump. Ratcliffe, que já havia exercido a função de diretor nacional de Inteligência, afirmou em entrevista que, “desde o primeiro dia”, a investigação sobre a origem da Covid seria uma prioridade. Ele acredita que o vírus teve origem no Instituto de Virologia de Wuhan.

Um porta-voz da CIA declarou que, com base nos relatórios disponíveis, a hipótese de que o vírus tenha vazado de um laboratório é considerada “mais provável”. Anteriormente, a agência não havia se posicionado sobre se a doença era resultado de um acidente laboratorial ou de uma transmissão zoonótica. O porta-voz ressaltou que a CIA ainda considera ambos os cenários como plausíveis.

De acordo com informações fornecidas à AFP por um funcionário americano, essa mudança de postura se baseou em uma nova análise solicitada pelo ex-diretor da CIA, William Burns, que foi completada antes da posse de Ratcliffe. A análise revisitou dados relacionados à propagação do vírus e às condições dos laboratórios de virologia na China.

Defensores da teoria do vazamento de laboratório apontam que os primeiros casos conhecidos da Covid-19 apareceram na cidade de Wuhan, um importante centro de pesquisa em coronavírus, situado a cerca de 1.600 km das populações mais próximas de morcegos que carregam vírus semelhantes ao SARS.

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Embora a CIA tenha mudado sua posição, a agência também reconhece que possui “baixa confiança” em suas conclusões, que não se baseiam em novas evidências, mas em uma reanálise de informações já existentes. A nova avaliação sugere que a conclusão da origem laboratorial é “deficiente, inconclusiva ou contraditória”.

Relatórios anteriores sobre a origem do coronavírus apresentaram divergências, com alguns sugerindo que o vírus poderia ter emergido de um laboratório chinês, potencialmente por acidente, enquanto outros sustentavam a hipótese de uma origem natural. Especialistas acreditam que o debate sobre a origem do vírus pode nunca ser resolvido devido à falta de cooperação das autoridades chinesas.

A embaixada da China em Washington não respondeu a pedidos de comentários sobre a nova posição da CIA. No passado, autoridades chinesas rejeitaram as especulações sobre a origem do coronavírus, alegando que eram motivadas por interesses políticos.

Embora a origem do vírus continue incerta, muitos cientistas sustentam que a hipótese mais plausível é que o coronavírus tenha circulado inicialmente em morcegos antes de ser transmitido a humanos, possivelmente em um mercado em Wuhan, onde os primeiros casos foram identificados no final de novembro de 2019.

Investigações anteriores levantaram a possibilidade de que o vírus tivesse escapado de um laboratório em Wuhan. Um relatório do Departamento de Energia dos EUA, publicado há dois anos, concluiu que um vazamento de laboratório era a origem mais provável, embora também tenha expressado baixa confiança nessa descoberta.

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