Brasileiros deportados dos EUA relatam agressões e condições precárias em voo
Passageiros enfrentaram tratamento degradante e problemas mecânicos durante repatriação ao Brasil
Os primeiros brasileiros deportados desde o início da gestão de Donald Trump relataram ter enfrentado agressões e condições adversas durante o voo de repatriação ao Brasil. Os relatos incluem experiências de tortura psicológica e física, além de problemas mecânicos na aeronave.
Os deportados chegaram ao Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte (MG), no último sábado, 25, após uma parada em Manaus (AM) devido a falhas na aeronave. Entre os 88 brasileiros deportados, estavam Sandra Pereira de Souza, de 36 anos, seu marido Alisdete Gonçalves dos Santos, de 49, e seus dois filhos pequenos.
Sandra descreveu a experiência como “um inferno, uma tortura desde que saímos de Louisiana”. Ela relatou que a aeronave apresentava problemas e que a situação era alarmante, com medo constante de um acidente. “Acho que foi uma falta de compromisso deles com os seres humanos”, afirmou.
Os deportados, que haviam imigrado ilegalmente, afirmaram que cumpriam com todas as obrigações legais desde sua chegada aos Estados Unidos, onde haviam estabelecido uma empresa e construído uma nova vida.
De acordo com os relatos, muitos deportados foram algemados pelos agentes de imigração dos EUA. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, chegou a intervir, solicitando a retirada das algemas e um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para completar a viagem.
Carlos Vinícius de Jesus, de 29 anos, também compartilhou sua experiência, afirmando que ele e outros passageiros foram agredidos e ameaçados durante o voo. “Foi terrível, vim preso nos braços, nas pernas e na cintura, eles não respeitaram a gente”, disse.
Os relatos de agressões incluem empurrões e tapas, com os deportados afirmando que apenas mulheres e crianças foram poupadas de tratamento mais severo. A situação se agravou com problemas mecânicos na aeronave, que estava em condições precárias, conforme relatado por Kaleb Barbosa, de 28 anos.
Kaleb destacou que o ar-condicionado falhou durante o voo, causando desconforto extremo e até desmaios entre os passageiros. “As turbinas estavam parando durante o voo, foi desesperador, coisa de filme mesmo”, contou.
Após o pouso em Manaus, Kaleb relatou que as turbinas do avião chegaram a soltar fumaça, aumentando ainda mais a tensão entre os deportados.
A repatriação dos imigrantes ilegais é resultado de um acordo firmado em 2017, que estabelece a devolução de pessoas que não têm direito a recorrer das decisões nos Estados Unidos. O Itamaraty já expressou sua indignação em relação ao tratamento considerado degradante e pediu esclarecimentos ao governo norte-americano.
A Embaixada dos Estados Unidos, por sua vez, informou que a responsabilidade pela situação dos deportados recai sobre o Brasil após a repatriação, enfatizando que os deportados estão sob a custódia das autoridades brasileiras.
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